São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2008

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Região pode ter reserva maior, afirma ex-ANP

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A camada pré-sal, a nova fronteira de exploração petrolífera do país, pode guardar 338 bilhões de barris de petróleo e fazer do Brasil o maior detentor de reserva provadas do mundo, superando a Arábia Saudita -hoje com 264 bilhões de barris. Hoje, o Brasil tem reservas de 13,9 bilhões de barris.
A estimativa foi apresentada ontem pelo ex-diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Newton Monteiro, durante o 5º Seminário de Petróleo e Gás no Brasil, organizado pela Fundação Getúlio Vargas. Em abril, o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima (que cancelou participação ontem no mesmo evento), disse que informações "oficiosas" indicavam que a Petrobrás havia conseguido identificar uma megarreserva de petróleo na bacia de Santos com 33 bilhões de barris. A informação gerou reações fortes na Bolsa.
Engenheiro de petróleo de formação, Monteiro esteve no evento como ex-diretor da ANP. Ele deixou a agência no final do mês passado e cumpre agora um período de quarentena que vai até o fim de outubro. Antes de especular sobre o futuro do país com o pré-sal, Monteiro disse que não falaria sobre revisão do marco regulatório. De fato não falou, mas apresentou uma avaliação completa sobre o que pode representar o pré-sal para o país.
Segundo ele, os 208 mil quilômetros quadrados do pré-sal teria capacidade para 140 campos de produção, sendo que cada um deles teria volume de comercialidade de 2,4 bilhões de barris. "É um volume conservador se considerarmos que o Campo de Tupi tem projeção de reservas de 5 a 8 bilhões de barris", explica Monteiro.
Osvair Trevisan, ex-diretor da ANP e atual diretor do Cepetro (Centro de Estudos do Petróleo) da Unicamp, disse que as especulações sobre o tamanho das reservas do pré-sal são invariavelmente "exageradas". "Que existe potencial no pré-sal é fato, mas não há hoje dados capazes de oferecer uma projeção fiel sobre a camada."
Ele considera os volumes apresentados por Monteiro superestimados em um cenário muito otimista.
Segundo ele, há riscos de toda a ordem, como, por exemplo, que tipo de rocha existe no pré-sal, se esta formação cederá o óleo contido nela. "Pode ser que não seja possível produzir", disse.


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