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Petróleo não pode ficar na mão de meia dúzia, diz Lula
Presidente defende mudança em lei e que lucros com pré-sal sejam usados na educação
"Esse patrimônio que está a
6.000 m de profundidade é
de 190 milhões de brasileiros,
precisamos utilizá-lo para
fazer reparação aos pobres"
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Com discurso em tom nacionalista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem alterações na Lei do Petróleo e afirmou, em evento da
UNE (União Nacional dos Estudantes) no Rio, querer que os
lucros com a exploração do
produto nas reservas recém-descobertas na camada pré-sal,
na bacia de Santos, sejam usados para "resolver definitivamente os problemas da educação" e que não fiquem "na mão
de meia dúzia de empresas".
Ao citar que a UNE participou da campanha que levou à
criação da Petrobras -pouco
depois de o governador José
Serra, também presente à cerimônia, ter mencionado o fato
em seu discurso-, Lula pediu
apoio da entidade na discussão
sobre a lei do petróleo.
"Esse patrimônio que está a
6.000 metros de profundidade
é da União, de 190 milhões de
brasileiros. Precisamos utilizá-lo para fazer reparação aos pobres deste país", disse.
O presidente não entrou em
detalhes sobre como isso será
feito e não deu entrevistas após
a solenidade. Apenas defendeu,
em seu discurso, que uma parte
dos recursos arrecadados seja
destinada à educação.
"Precisamos que a lei destine
parte desses recursos para resolver definitivamente o problema da educação neste país,
para que possamos resolver o
problema de milhões de pobres
que estão aí, e não deixar na
mão de meia dúzia de empresas
que acham que o petróleo é delas e vão apenas comercializá-lo." Segundo Lula, as recentes
descobertas de petróleo na camada pré-sal farão com que o
país não apenas assegure sua
auto-suficiência no produto como transformarão o Brasil em
exportador.
"Mas não queremos exportar
petróleo cru. Queremos exportar material com valor agregado. Por isso vamos fazer duas
grandes refinarias, uma de 600
mil barris/dia e outra de 300
mil barris/dia, para que a gente
possa exportar gasolina premium e diesel de qualidade."
Em julho, o presidente assinou portaria criando uma comissão interministerial com o
prazo de 60 dias -que acaba no
mês que vem- para propor sugestões para um novo marco
regulatório para a prospecção e
a produção de petróleo em
campos na região do pré-sal.
O governo ainda debate sobre o que fazer com os recursos
que virão dessas novas áreas de
exploração. Uma das propostas
em debate é a criação de uma
empresa, 100% estatal, para gerenciar a exploração do produto na área do pré-sal, idéia que
não é unânime entre especialistas e congressistas.
Lobão
O ministro Edison Lobão
(Minas e Energia) avaliou que
as declarações dadas por Lula
fortalecem a tese de criação de
uma nova estatal para administrar a exploração no pré-sal.
"Ele está dizendo a mesma
coisa que eu tenho dito. Acredito que sim [fortalece a idéia da
nova estatal]. E, pelo que soube,
o vice-presidente [José Alencar] pensa do mesmo modo."
O primeiro megacampo de
petróleo na camada pré-sal foi
anunciado pela Petrobras em
2006. Desde então, foram identificados três campos: Tupi, Júpiter e Carioca. A capacidade
deles ainda não foi confirmada,
mas há quem estime que elas
possam chegar a 338 bilhões de
barris de petróleo -hoje, o Brasil tem hoje reservas provadas
de 13,9 bilhões de barris.
Colaborou a Folha Online
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