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Ação agressiva no crédito devolve a liderança ao BB
Expansão na crise leva o Banco do Brasil a passar o Itaú no ranking dos bancos
Fazenda se queixa de declarações do presidente do Itaú sobre expansão dos bancos públicos na crise;
lucro do BB cresce 43%
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Nove meses após ter perdido
a liderança para o Itaú Unibanco, o Banco do Brasil retomou o
posto de maior banco em ativos
do Brasil e da América Latina.
Segundo o balanço do segundo trimestre do ano, divulgado
na madrugada de hoje, os ativos
do Banco do Brasil chegaram a
R$ 598,8 bilhões, ante R$ 596,4
bilhões do Itaú Unibanco.
O Banco do Brasil salta da 10ª
para a 7ª posição no ranking
dos maiores bancos da América
Latina e dos EUA, segundo a
consultoria Economática. O
Bank of America se mantém na
liderança, seguido por JPMorgan Chase e Citigroup. O Itaú
Unibanco cai de 7º para 8º.
O BB lucrou R$ 4,014 bilhões
no primeiro semestre, alta de
0,55% ante o mesmo período
do ano passado. No segundo
trimestre, o lucro foi de
R$ 2,348 bilhões (+43%).
Segundo a Folha apurou, a
atuação agressiva do BB na
concessão de crédito durante a
crise foi fundamental para a
instituição ter recuperado a liderança do ranking bancário,
objetivo cobrado por Lula após
a perda do posto. Enquanto os
bancos privados foram mais
cautelosos após o congelamento global do crédito, o BB acelerou a liberação de empréstimos
para evitar um contágio maior
da crise.
Os números do primeiro semestre divulgados pelos bancos privados mostram claramente essa desaceleração na concessão do crédito. No ano
passado, o crédito se expandiu
no país a um ritmo de cerca de
30%. Em junho, caiu pela metade em relação ao mesmo mês
do ano passado.
Segundo dados da consultoria Austin Rating, com base nos
balanços do segundo trimestre
de dez bancos privados, o crédito cresceu em média 16,1%
em relação a junho de 2008. O
Itaú Unibanco, por exemplo,
registrou expansão de 15,7% do
crédito, e o Bradesco, de 20%.
Já em relação a dezembro, o
volume dos empréstimos dos
bancos privados praticamente
não se alterou ou até caiu.
Além da forte aceleração do
crédito, os números do BB relativos ao primeiro semestre
mostram redução do "spread"
(diferença entre os juros pagos
pelos bancos ao captar recursos no mercado e a taxa cobrada dos clientes). A equipe econômica pretende usar esses dados para aumentar a pressão
sobre os bancos privados para
que baixem o "spread".
Segundo a Folha apurou, o
ministro da Fazenda, Guido
Mantega, teria ficado incomodado com declarações do presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, de que a redução
do "spread" nos bancos públicos não seria sustentável.
O debate promete ser acirrado nos próximos dias. Segundo
Erivelto Rodrigues, presidente
da Austin Rating, a grande
questão é saber se essa atuação
agressiva do Banco do Brasil
deteriorou ou não a qualidade
da sua carteira de crédito, o que
só o tempo vai dizer.
De qualquer forma, Rodrigues afirma que a atuação dos
bancos públicos, tanto do Banco do Brasil como da Caixa
Econômica Federal, foi extremamente importante para a
recuperação do crédito no país.
"Os bancos públicos foram
fundamentais para a irrigação
do crédito na economia", diz
Rodrigues.
O crédito é o principal item
na constituição dos ativos dos
bancos. Enquanto o ativo do
Banco do Brasil tem crescido
em ritmo bastante forte na crise, o do Itaú Unibanco fez o caminho inverso. De acordo com
a Economática, o ativo do Itaú
Unibanco caiu de R$ 633 bilhões em dezembro para R$
596,4 bilhões em junho.
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