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Reino Unido injeta capital em 4 bancos
Governo deve se tornar sócio majoritário do RBS e do HBOS; medida também deve beneficiar Lloyds TSB e Barclays
Mercado estima que capitalização de grandes bancos pelo Tesouro possa chegar a 75 bilhões de libras, o equivalente a R$ 290,6 bi
PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES
A capacidade da atual crise
de tornar insuficientes em poucas horas pacotes que pareciam
salvadores será provada mais
uma vez hoje, quando o governo do Reino Unido deve anunciar uma capitalização (na prática, uma estatização) maior
que a planejada de quatro dos
maiores bancos do país.
A compra de ações, que varia
de 35 bilhões de libras (US$
59,5 bilhões ou R$ 135,6 bilhões) a até 50 bilhões de libras
(US$ 84,9 bilhões, R$ 193,7 bilhões) por algumas estimativas
que circulavam ontem à noite,
deve transformar o governo em
sócio majoritário de ao menos
dois bancos, o RBS (Royal Bank
of Scotland) e o HBOS (Halifax
Bank of Scotland).
Os detalhes serão anunciados hoje, antes da abertura dos
mercados da Europa. Em Londres, se discutia ontem à noite
suspender a negociação das
ações por algum tempo, para
que os investidores consigam
assimilar as novas medidas.
A idéia inicial do governo,
quando o megapacote foi lançado, há quatro dias, era colocar
25 bilhões de libras à disposição para comprar ações de alguns dos oito maiores bancos
do país e deixar mais 25 bilhões
à espera. Agora, as estimativas
são que a capitalização dos bancos por meio de fundos do Tesouro britânico possa chegar a
75 bilhões de libras (US$ 127,4
bilhões ou R$ 290,6 bilhões).
Em conversas que avançaram na madrugada de hoje, o
novo total do pacote deixou claro que a situação dos bancos
britânicos era mais delicada do
que se pensava. "A City [a Wall
Street londrina] jamais viu nada parecido", escreveu em seu
blog o editor de economia da
BBC, Robert Peston.
Só no caso do RBS, o governo
pode comprar ao menos 15 bilhões de libras em ações, o que
vai dar à gestão de Gordon
Brown o controle sobre o banco
(que tinha valor de 12 bilhões
na sexta-feira). O HBOS, que
valia 6,5 bilhões de libras quando os mercados fecharam, deve
receber em torno de 10 bilhões.
Até bancos tidos como mais
sólidos foram obrigados a recorrer ao socorro do governo. O
Lloyds TSB deve receber 5 bilhões de libras, enquanto o Barclays pode levar 9 bilhões de libras. A fusão entre o Lloyds e o
HBOS, decidida no mês passado, deve ser renegociada.
Nem todos os grandes bancos dizem precisar do socorro.
O HSBC e o Abbey (do Santander) elogiaram a iniciativa, mas
diziam não precisar da ajuda.
O plano anunciado pelo governo na quinta-feira previa
também a compra de ações preferenciais (sem direito a voto),
mas agora ao menos parte delas
deve ser de ordinárias (com direito a voto), o que vai colocar
representantes do governo na
direção dos bancos. Com isso,
deve ficar mais fácil implementar algumas das condições impostas pelo governo, como limites no salário dos executivos
e empréstimos para pequenos
negócios e donos de imóveis.
Os acionistas dos bancos
também poderão comprar os
papéis que o governo deve adquirir, mas no atual cenário o
mais provável é que quase tudo
acabe em poder do Estado.
A injeção de "dinheiro dos
contribuintes", como a mídia
britânica se refere ao plano, é o
primeiro dos três pilares de um
megapacote de 500 bilhões de
libras lançado pelo governo.
Além da recapitalização, o governo decidiu fornecer garantias para até 250 bilhões de libras em novos empréstimos
entre os bancos. Também colocou 200 bilhões de libras à disposição das instituições, para
refinanciarem suas dívidas.
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