São Paulo, terça-feira, 13 de novembro de 2007

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Bolsa cai 4,3%, no 2º pior pregão do ano

Ações de Petrobras e Vale, as mais negociadas, tiveram quedas expressivas, e, com instabilidade, dólar sobe 1,83%

Resultado ruim da estatal no 3º tri e queda no preço de metais derrubam ações; analistas esperam mais turbulência na semana

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se na semana passada a Bovespa conseguiu escapar do mau humor que abateu as Bolsas pelo mundo, ontem a história se inverteu. Enquanto os principais mercados acionários tiveram pequenas altas e baixas, a Bovespa registrou pesada queda de 4,34%, no segundo pior pregão do ano.
As desvalorizações sofridas pelas ações de Petrobras e Vale do Rio Doce arrastaram a Bolsa de Valores de São Paulo.
Para a Petrobras, cujas ações caíram 7,19% (ON) e 6,50% (PN), a decepção com seu balanço do terceiro trimestre foi decisiva para as perdas.
A depreciação do preço do barril de petróleo e de commodities metálicas no mercado internacional também teve reflexo ruim sobre os papéis de Petrobras e Vale. A ação preferencial "A" da Vale do Rio Doce, a segunda mais negociada do pregão, atrás apenas de Petrobras PN, sofreu queda de 4,89%. E a ON caiu 5,35%.
Juntas, as ações de Petrobras e Vale responderam por 49% dos R$ 6,65 bilhões girados no pregão de ontem.
"O resultado da Petrobras acabou tendo um impacto ruim sobre suas ações. Mas me parece que [com a queda de ontem] já se ajustaram. Agora os investidores devem olhar para a frente, pensar na produção do quarto trimestre e avaliar melhor as descobertas anunciadas na semana passada", disse Rodrigo Lopes, diretor gestor de renda variável da Banif Nitor Asset Management. O lucro da Petrobras recuou 22% no trimestre, para R$ 5,5 bilhões, enquanto o mercado esperava algo em torno de R$ 7 bilhões.
As ações da Petrobras foram o grande destaque da última semana, com valorizações acumuladas de 17,45% (ON) e 14,27% (PN). As altas refletiram a empolgação dos investidores com o anúncio, feito na quinta-feira, da descoberta de megacampo de petróleo e gás na bacia de Santos.
Com a queda de ontem, a Bovespa desceu aos 61.526 pontos -bem abaixo de seu recorde de 65.317 pontos no fim de outubro- e passou a ter perda de 5,80% no mês. No ano, a alta ainda é vigorosa, de 38,34%.
O fato de analistas do UBS terem trocado, em suas recomendações, o Brasil pelo México como "melhor opção regional" para investir também colaborou para o desempenho negativo dos ativos brasileiros. Essas análises levam alguns investidores a mudar de posição.
No mercado de câmbio, o dólar, que tem tido dificuldades para se apreciar, teve valorização expressiva de 1,83% diante do real, indo a R$ 1,778.
Mesmo com o dia já tenso, o Banco Central realizou seu habitual leilão para comprar dólares das instituições financeiras. Por enquanto, essa tem sido a única medida adotada pelo BC para evitar que o dólar se desvalorize mais.
No ano, a moeda americana tem baixa acumulada de 16,80%. Ontem o ministro Guido Mantega (Fazenda) negou que o governo esteja preparando novas medidas destinadas ao mercado cambial.
O risco-país subia 2% no fim das operações, a 206 pontos.
Na Europa, a Bolsa de Londres subiu 0,52%; Frankfurt teve queda de 0,07%.
A Bolsa de Nova York terminou em baixa de 0,42%.
Os mercados abriram ontem em rota de baixa, repercutindo as perdas sentidas na Ásia. A Bolsa de Tóquio desabou 2,5%, e Hong Kong caiu 3,9%.
A informação de que a China diminuiu suas importações de cobre em outubro favoreceu a queda dos preços das commodities metálicas no exterior.
Analistas voltaram a falar em aumento da aversão ao risco, em conseqüência do ainda preocupante impacto negativo da crise do setor de crédito imobiliário de alto risco americano ("subprime") nos balanços de grandes bancos.
Os prejuízos causados pela desvalorização de ativos ligados ao setor imobiliário de alto risco deverão alcançar de US$ 300 bilhões a US$ 400 bilhões no mundo inteiro, segundo projeção do Deutsche Bank, divulgada pela Reuters.
No pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os contratos de juros de prazos de vencimento mais longos refletiram mais o cenário adverso.
As elevações nas taxas demonstram as incertezas em relação ao futuro da taxa básica Selic. No contrato DI (que mostra as projeções dos juros) que vence em 14 meses, a taxa subiu de 11,51% para 11,59%.
O dia tenso que marcou as operações de ontem pode ter sido apenas o primeiro de uma semana agitada.
"Os próximos dias trarão relevantes dados econômicos, como os índices de inflação ao produtor e ao consumidor americano, que podem mexer com os mercados financeiros mundiais", avalia Lopes.


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