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Bolsa cai 4,3%, no 2º pior pregão do ano
Ações de Petrobras e Vale, as mais negociadas, tiveram quedas expressivas, e, com instabilidade, dólar sobe 1,83%
Resultado ruim da estatal no 3º tri e queda no preço de metais derrubam ações; analistas esperam mais turbulência na semana
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se na semana passada a Bovespa conseguiu escapar do
mau humor que abateu as Bolsas pelo mundo, ontem a história se inverteu. Enquanto os
principais mercados acionários
tiveram pequenas altas e baixas, a Bovespa registrou pesada
queda de 4,34%, no segundo
pior pregão do ano.
As desvalorizações sofridas
pelas ações de Petrobras e Vale
do Rio Doce arrastaram a Bolsa
de Valores de São Paulo.
Para a Petrobras, cujas ações
caíram 7,19% (ON) e 6,50%
(PN), a decepção com seu balanço do terceiro trimestre foi
decisiva para as perdas.
A depreciação do preço do
barril de petróleo e de commodities metálicas no mercado internacional também teve reflexo ruim sobre os papéis de Petrobras e Vale. A ação preferencial "A" da Vale do Rio Doce, a
segunda mais negociada do
pregão, atrás apenas de Petrobras PN, sofreu queda de
4,89%. E a ON caiu 5,35%.
Juntas, as ações de Petrobras
e Vale responderam por 49%
dos R$ 6,65 bilhões girados no
pregão de ontem.
"O resultado da Petrobras
acabou tendo um impacto ruim
sobre suas ações. Mas me parece que [com a queda de ontem]
já se ajustaram. Agora os investidores devem olhar para a
frente, pensar na produção do
quarto trimestre e avaliar melhor as descobertas anunciadas
na semana passada", disse Rodrigo Lopes, diretor gestor de
renda variável da Banif Nitor
Asset Management. O lucro da
Petrobras recuou 22% no trimestre, para R$ 5,5 bilhões, enquanto o mercado esperava algo em torno de R$ 7 bilhões.
As ações da Petrobras foram
o grande destaque da última semana, com valorizações acumuladas de 17,45% (ON) e
14,27% (PN). As altas refletiram a empolgação dos investidores com o anúncio, feito na
quinta-feira, da descoberta de
megacampo de petróleo e gás
na bacia de Santos.
Com a queda de ontem, a Bovespa desceu aos 61.526 pontos
-bem abaixo de seu recorde de
65.317 pontos no fim de outubro- e passou a ter perda de
5,80% no mês. No ano, a alta
ainda é vigorosa, de 38,34%.
O fato de analistas do UBS terem trocado, em suas recomendações, o Brasil pelo México como "melhor opção regional"
para investir também colaborou para o desempenho negativo dos ativos brasileiros. Essas
análises levam alguns investidores a mudar de posição.
No mercado de câmbio, o dólar, que tem tido dificuldades
para se apreciar, teve valorização expressiva de 1,83% diante
do real, indo a R$ 1,778.
Mesmo com o dia já tenso, o
Banco Central realizou seu habitual leilão para comprar dólares das instituições financeiras.
Por enquanto, essa tem sido a
única medida adotada pelo BC
para evitar que o dólar se desvalorize mais.
No ano, a moeda americana
tem baixa acumulada de
16,80%. Ontem o ministro Guido Mantega (Fazenda) negou
que o governo esteja preparando novas medidas destinadas
ao mercado cambial.
O risco-país subia 2% no fim
das operações, a 206 pontos.
Na Europa, a Bolsa de Londres subiu 0,52%; Frankfurt teve queda de 0,07%.
A Bolsa de Nova York terminou em baixa de 0,42%.
Os mercados abriram ontem
em rota de baixa, repercutindo
as perdas sentidas na Ásia. A
Bolsa de Tóquio desabou 2,5%,
e Hong Kong caiu 3,9%.
A informação de que a China
diminuiu suas importações de
cobre em outubro favoreceu a
queda dos preços das commodities metálicas no exterior.
Analistas voltaram a falar em
aumento da aversão ao risco,
em conseqüência do ainda
preocupante impacto negativo
da crise do setor de crédito
imobiliário de alto risco americano ("subprime") nos balanços de grandes bancos.
Os prejuízos causados pela
desvalorização de ativos ligados ao setor imobiliário de alto
risco deverão alcançar de US$
300 bilhões a US$ 400 bilhões
no mundo inteiro, segundo
projeção do Deutsche Bank, divulgada pela Reuters.
No pregão da BM&F (Bolsa
de Mercadorias & Futuros), os
contratos de juros de prazos de
vencimento mais longos refletiram mais o cenário adverso.
As elevações nas taxas demonstram as incertezas em relação ao futuro da taxa básica
Selic. No contrato DI (que mostra as projeções dos juros) que
vence em 14 meses, a taxa subiu
de 11,51% para 11,59%.
O dia tenso que marcou as
operações de ontem pode ter
sido apenas o primeiro de uma
semana agitada.
"Os próximos dias trarão relevantes dados econômicos, como os índices de inflação ao
produtor e ao consumidor
americano, que podem mexer
com os mercados financeiros
mundiais", avalia Lopes.
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