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País e Argentina cedem para reduzir tensão
Vizinho retira exigência de visto consular para móveis e madeiras; Brasil libera importação de vacina
DE BUENOS AIRES
O governo argentino anunciou ontem duas medidas de
cooperação comercial com o
Brasil, que sinalizam disposição para reduzir a crescente
tensão na relação bilateral.
Lula e Cristina Kirchner se
reúnem na próxima quarta, no
Brasil, para discutir o tema.
"Esse é um assunto sobre o
qual o presidente Lula manifestou interesse à presidente Cristina", disse ontem em Buenos
Aires a ministra argentina da
Produção e Turismo, Débora
Giorgi, ao divulgar a decisão de
eliminar a exigência de visto
consular para móveis e madeiras importados do Brasil.
Giorgi falou à imprensa ao lado do chanceler Jorge Taiana.
Ela disse que a decisão se dá
"num contexto em que o setor
de madeira e móveis de ambos
os países trabalha para gerar
um programa de integração".
Se a Argentina cedeu de um
lado, o Brasil cedeu de outro,
como Giorgi deu a entender, ao
comunicar também a liberação
pelo Brasil da importação de
vacinas contra a febre aftosa
produzidas pela Argentina.
A autorização para que o fabricante argentino envie ao
Brasil cerca de 2 milhões de doses por mês, a um custo de US$
1 milhão, é resultado de um pedido feito por Cristina a Lula,
em março passado, segundo
fontes do governo argentino.
Giorgi disse que o "acesso ao
mercado brasileiro" representa
a chance de "mais do que duplicar" os resultados argentinos
na área. O vizinho exporta cerca de US$ 70 milhões ao ano em
medicamentos animais, sendo
US$ 10 milhões em vacinas.
O chanceler disse ter a expectativa de que "a reunião presidencial signifique um passo
adiante numa perspectiva de
avanço da integração produtiva
e no reconhecimento da mútua
complementaridade necessária aos dois países".
Ele defendeu as medidas restritivas ao comércio adotadas
pela Argentina -que atingem
cerca de 14% da pauta exportadora brasileira e estão na raiz
da crescente tensão entre os
dois países-, mas acenou com
uma possível flexibilização.
"As medidas dispostas tiveram uma razão. Eram a melhor
defesa de nossas possibilidades
produtivas e comerciais, para
evitar efeitos indesejáveis. Mas
essa é uma realidade com certo
dinamismo e na qual se vai
avançando. As coisas mudam."
(SILVANA ARANTES)
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