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Indústria paulista considera alta chance de descontrole da inflação
DA REPORTAGEM LOCAL
Os empresários da indústria
paulista consideram ""alta" a possibilidade de haver descontrole da
inflação, um dos maiores temores
que acompanharão o início de governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A avaliação foi expressa em pesquisa divulgada ontem pela Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Representantes de 420 empresas responderam a um questionário sobre conjuntura e relações do
setor com o futuro gabinete. Uma
das questões colocadas a eles era:
""Quais as chances de ocorrência
de uma dessas situações?".
Dos entrevistados, 49% citaram
como ""altas" as possibilidades de
o governo Lula obter a aprovação
de seus projetos no Congresso.
Mas como segundo item com
maior percentual (46%) de citação de ""alta" possibilidade aparece ""haver um descontrole da inflação". Para 40%, a chance de haver esse descontrole é ""baixa"; 6%
a qualificaram como ""muito baixa". Na outra extremidade, 5%
dos ouvidos disseram ser ""muito
alta" a hipótese de hiperinflação.
Não por acaso, a volta da indexação figura em terceiro entre os
cenários qualificados com ""alta"
chance de ocorrer (33%). Entretanto, 47% das empresas consideraram ""baixa" a chance de retomada da indexação. Na lista são
citados ainda controle de preços
(32% dos entrevistados tomam
como ""alto" o risco), crise de
energia (29%), aumento de desemprego (28%) e, por fim, uma
onda de greves: 24% qualificaram
como alto esse risco, embora a
maioria, 57%, contrapôs ao sustentar que o risco é ""baixo".
""Inflação preocupa e muito.
Mas preocupa mais o fato de estarem colocando nisso uma importância muito maior do que se deveria. Não que não seja grave. No
entanto, precisamos compreender que existem instrumentos para uma solução. Já encontramos
solução definitiva quando fizemos o Plano Real", disse Horacio
Lafer Piva, presidente da Fiesp.
O levantamento apontou que
69% dos empresários prevêem
que o governo Lula será ""bom".
Segundo a FGV, responsável pela
pesquisa, o percentual da população que tem expectativa ""boa" sobre a futura gestão é de 61%.
Para 32% dos entrevistados, as
relações entre a indústria e o futuro governo do PT não vão se alterar e, para 36%, vão melhorar.
"Esperamos no novo governo
nada menos que uma reviravolta
histórica. Que deixemos (o setor
industrial) de uma vez essa fase de
quase ostracismo. Precisamos
acabar com esse pesadelo monetarista", disse Piva. ""O crescimento da indústria precisa voltar a ser
tema central das discussões."
Entre as demandas que os empresários consideraram mais urgentes estão: reforma tributária
(40%), redução de impostos
(20%), manutenção da estabilidade da moeda (10%) e queda dos
juros (9%).
(JOSÉ ALAN DIAS)
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