São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

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Indústria paulista considera alta chance de descontrole da inflação

DA REPORTAGEM LOCAL

Os empresários da indústria paulista consideram ""alta" a possibilidade de haver descontrole da inflação, um dos maiores temores que acompanharão o início de governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A avaliação foi expressa em pesquisa divulgada ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Representantes de 420 empresas responderam a um questionário sobre conjuntura e relações do setor com o futuro gabinete. Uma das questões colocadas a eles era: ""Quais as chances de ocorrência de uma dessas situações?".
Dos entrevistados, 49% citaram como ""altas" as possibilidades de o governo Lula obter a aprovação de seus projetos no Congresso.
Mas como segundo item com maior percentual (46%) de citação de ""alta" possibilidade aparece ""haver um descontrole da inflação". Para 40%, a chance de haver esse descontrole é ""baixa"; 6% a qualificaram como ""muito baixa". Na outra extremidade, 5% dos ouvidos disseram ser ""muito alta" a hipótese de hiperinflação.
Não por acaso, a volta da indexação figura em terceiro entre os cenários qualificados com ""alta" chance de ocorrer (33%). Entretanto, 47% das empresas consideraram ""baixa" a chance de retomada da indexação. Na lista são citados ainda controle de preços (32% dos entrevistados tomam como ""alto" o risco), crise de energia (29%), aumento de desemprego (28%) e, por fim, uma onda de greves: 24% qualificaram como alto esse risco, embora a maioria, 57%, contrapôs ao sustentar que o risco é ""baixo".
""Inflação preocupa e muito. Mas preocupa mais o fato de estarem colocando nisso uma importância muito maior do que se deveria. Não que não seja grave. No entanto, precisamos compreender que existem instrumentos para uma solução. Já encontramos solução definitiva quando fizemos o Plano Real", disse Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp.
O levantamento apontou que 69% dos empresários prevêem que o governo Lula será ""bom". Segundo a FGV, responsável pela pesquisa, o percentual da população que tem expectativa ""boa" sobre a futura gestão é de 61%.
Para 32% dos entrevistados, as relações entre a indústria e o futuro governo do PT não vão se alterar e, para 36%, vão melhorar.
"Esperamos no novo governo nada menos que uma reviravolta histórica. Que deixemos (o setor industrial) de uma vez essa fase de quase ostracismo. Precisamos acabar com esse pesadelo monetarista", disse Piva. ""O crescimento da indústria precisa voltar a ser tema central das discussões."
Entre as demandas que os empresários consideraram mais urgentes estão: reforma tributária (40%), redução de impostos (20%), manutenção da estabilidade da moeda (10%) e queda dos juros (9%). (JOSÉ ALAN DIAS)



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