São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

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Comércio exterior chinês tem maior queda desde 99

Importações e exportações recuam em dezembro

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

As exportações e as importações da China caíram pelo segundo mês consecutivo em dezembro. Foi a maior queda desde 1999. As importações recuaram 21,3% em relação a dezembro de 2007, e as exportações, 2,8%, pelos valores em dólares.
Até outubro, o governo chinês afirmava que o país estava imune à crise financeira global. O baque nas exportações chinesas fica maior (9%) se a conta for feita pelo valorizado yuan, a moeda chinesa.
Há tensão no país quanto à possibilidade de mais desemprego por conta na queda das vendas de produtos chineses pelo mundo. Cerca de 20 milhões de chineses trabalham nas fábricas voltadas exclusivamente à exportação.
Analistas estimam uma baixa de aproximadamente 20% das exportações nos próximos meses em relação ao ano passado. Parte da queda nas importações chinesas ocorre pela redução de preços de matérias-primas compradas pela China mas também pela queda na demanda interna.
Para Ulrich, o setor exportador deve sofrer ainda mais. A Feira Anual de Exportações e Importações da China está reduzindo o valor cobrado dos expositores pela primeira vez em sua história.
Apenas na Província de Guangdong, a mais populosa do país, 60 mil empresas fecharam em 2008. O governo está oferecendo restituições de impostos a exportadores para compensar a crise. Os dois principais mercados da China, a União Europeia e os Estados Unidos, estão em recessão. Juntos, eles ficam com mais da metade das exportações chinesas.
Em novembro, as exportações já tinham caído 2,2%, e as importações, 17,9%.
O consumo de energia elétrica caiu nos últimos três meses, principalmente pela desaceleração da atividade industrial. Em comparação com 2007, a queda em outubro foi de 3,69%, a de novembro, 8,14%, e a de dezembro, 8,93%, segundo o Conselho de Eletricidade da China. Indústrias que consomem muita energia, como siderúrgicas e cimenteiras, estão entre as mais afetadas.
O crescimento na venda de automóveis foi o menor da década (6,7% em relação a 2007), segundo a Câmara Automobilística da China. No ano anterior, a alta tinha sido de 21,84%.
As vendas chegaram a 9,38 milhões de unidades em 2008, o que faz o país ser o segundo maior mercado de automóveis no mundo.
Os números negativos contrastam com a retórica do governo. O primeiro-ministro, Wen Jiabao, disse na segunda-feira que a China seria a primeira grande economia do mundo a sair da crise e que havia motivos para estar otimista.

Déficit menor nos EUA
Com a recessão, que fez reduzir o consumo, e a queda no preço do petróleo, o déficit comercial dos Estados Unidos atingiu em novembro de 2008 seu menor valor em cinco anos.
O déficit entre importações e exportações dos EUA caiu para US$ 40,4 bilhões em novembro, US$ 16,3 bilhões menos que em outubro. A queda de 28,7% foi a maior registrada pelo saldo comercial em 12 anos.
Um dos motivos para o recuo foi a queda nos gastos com petróleo, que caíram 36,5%, resultado do menor consumo de combustíveis e da retração no preço do barril. As importações caíram 12%, com os consumidores gastando menos. Um dos sinais disso é que o déficit com a China caiu de US$ 28 bilhões para US$ 23,1 bilhões.
Já o déficit orçamentário foi de US$ 485,2 bilhões no período de outubro a dezembro de 2008, caminhando para superar o recorde de US$ 1 trilhão.


Colaborou a Redação


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