São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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Agência pode baixar nota de país e bancos

ISABEL CLEMENTE
de Londres

Pela primeira vez, desde que começou a medir o grau de risco de investimentos no Brasil, a Fitch Ibca, a terceira maior agência internacional de classificação de risco, sinalizou que poderá rebaixar a nota do país e dos principais bancos brasileiros.
A renúncia do presidente do Banco Central, Gustavo Franco, e a desvalorização do real foram um baque para a credibilidade da política econômica do país, diz a agência, em nota para o mercado.
Teme-se, completa o relatório, que o governo brasileiro não consiga segurar a cotação do real. Um câmbio fora de controle pressionaria ainda mais bancos e empresas, já ameaçados por um ambiente recessivo e de altas taxas de juros, analisa a agência.

B+
Desde 95, bancos e títulos brasileiros estão classificados como B+, numa escala em que 11 posições separam o Brasil dos Estados Unidos, donos da melhor classificação (AAA).
A Fitch Ibca lançou, pela primeira vez, desde o início das turbulências no mercado internacional, um "Alerta de Risco Negativo" sobre a nota dos principais bancos.
Isso significa que, em seis meses, dependendo da evolução dos fatos -e do nível das reservas internacionais-, a nota poderá ser efetivamente rebaixada, explica o diretor para a América Latina, Richard Fox.
Na lista da Fitch Ibca aparecem os maiores bancos brasileiros: Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Real, Banespa e Unibanco.
Figuram ainda os bancos Bandeirantes, Bilbao Vizcaya Brasil, BMG, Boavista Interatlântico, CCF Brasil, Dibens, FonteCindam, Safra, Sul América e Banco de Crédito Nacional.
"Estamos sinalizando para o mercado que a preocupação com o Brasil é grande e que tudo será acompanhado de perto", disse Fox.

Curto prazo
O fato de o ajuste fiscal estar ainda em fase incipiente evidencia os riscos de curto prazo que ameaçam a economia brasileira, analisa a agência.
"O lado positivo é que a crise pode fazer com que o Congresso aprove mais rapidamente as questões pendentes para o andamento do ajuste fiscal", disse Fox.



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