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O QUE FALTA FAZER
Presidente e ministro da Fazenda afirmam que queda da
taxa depende do pacote e pedem a compreensão externa
FHC condiciona juros a ajuste
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Pedro
Malan (Fazenda) afirmaram ontem que, mesmo com a desvalorização do real, a redução da taxa de
juros depende do ajuste fiscal.
Os dois pediram a compreensão
da comunidade financeira internacional em relação à situação brasileira e o apoio do Congresso para
aprovar as medidas do programa
de estabilidade fiscal.
"A substituição de Gustavo Franco por Francisco Lopes não significa mudança de rumo. Ao contrário, estamos convencidos de que a
abertura de espaço para a redução
de juros, que é ansiada por todos,
depende de nós avançarmos no
ajuste fiscal", disse FHC.
"É o processo de reorganização e
modernização do Estado, fazer
com que o Estado viva dentro de
seus meios, que nos permitirá reduzir de forma sustentada as taxas
de juros. O movimento que foi feito hoje (na política cambial) contribui para isso, mas não é de forma alguma substituto para esse desafio maior", completou Malan.
Depois de interromper sua semana de folga em Sergipe e voltar
para Brasília, FHC convocou a imprensa e, com Malan, fez pronunciamento no Planalto, na tentativa
de acalmar os mercados. Os dois
falaram por 14 minutos ao todo.
Segundo FHC, as mudanças na
política cambial permitem o ajuste
da política monetária, "não no
sentido de sua frouxidão, mas no
sentido de que (ela) vai avançar no
mesmo passo do ajuste fiscal".
Malan afirmou que o Brasil vai
cumprir os objetivos do programa
de estabilidade fiscal, estabelecidos até 2001. FHC e Malan elogiaram Franco e afirmaram, sem entrar em detalhes, que ele vai continuar colaborando com o governo.
FHC agradeceu o apoio dos governadores que se reuniram anteontem em São Luís (MA) e criticaram a moratória de Itamar Franco, governador de Minas. "Com
noção de responsabilidade, (os governadores) viram que, mais importante do que tudo, é a nossa
união, a harmonia da Federação."
O presidente voltou a mandar
um recado para Itamar: "O governo dispõe dos meios necessários
para que sejam cumpridos os contratos, assim como o governo se
dispõe a cumprir os seus contratos. O governo honrará sempre os
contratos internos e externos, porque isso é a base da credibilidade".
FHC disse esperar que os governos e bancos internacionais entendam a necessidade de se ampliar os
"créditos normais" que financiam
países como o Brasil.
"Tenho a convicção de que o
FMI, por seu diretor-superintendente, expressará a mesma crença
de que tudo o que nós estamos fazendo vai na direção do melhor
para o Brasil e para o conjunto dos
países, porque a solidariedade é
necessária nessas economias globalizadas."
Malan afirmou que, nas próximas semanas, vai conversar "intensamente" com a comunidade
financeira internacional. "A compreensão não nos haverá de faltar e
nós seremos capazes de retomar o
crescimento sustentado com a inflação sob controle."
FHC usou boa parte de seu pronunciamento para agradecer o
apoio que os partidos e o Congresso vêm dando ao ajuste fiscal.
Ele disse que conversou ontem
com os presidentes da Câmara,
Michel Temer (PMDB-SP), e do
Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), sobre o tema.
FHC pediu rapidez na aprovação
da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e afirmou que enviará ao Congresso medidas para corrigir a "injustiça" das altas aposentadorias
do setor público. "O Congresso já
aprovou 70% do que nós pedimos,
em matéria de ajuste fiscal. O que
falta aprovar: o Orçamento da
União e algumas medidas complementares de ajuste", disse.
Segundo FHC, a possível aprovação ontem de MPs no Congresso
renderia ao país R$ 4 bilhões.
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