São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CÂMBIO
Banco Central atuou no mercado, mas com as saídas de ontem, janeiro acumula uma perda de mais de US$ 3 bi
US$ 1,057 bilhão deixa o Brasil

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

A evasão de divisas chegou a US$ 1,057 bilhão ontem, até as 20h, um volume considerado razoável para um dia de mididesvalorização cambial de 8,26%.
O mercado fecha às 21h30 e os números ainda podem se alterar. Entre os investidores e bancos, chegou-se a falar em uma evasão de até US$ 6 bilhões, que não se confirmou.
Até as 20h, o fluxo cambial estava negativo em US$ 827 milhões pelo mercado de dólar comercial e US$ 230 milhões pelo mercado de dólar flutuante, um segmento do turismo.
Com as saídas de ontem, o mês de janeiro acumula uma saída de mais de US$ 3 bilhões, com as reservas, o caixa em moeda forte, em patamares inferiores a US$ 33 bilhões.
Com a mididesvalorização, o mercado de câmbio teve ontem um dia pressionado.
O Banco Central atuou no mercado de dólar comercial, às 11h07, e fez um leilão de venda de dólar a R$ 1,32. O mercado calcula que tenham sido vendidos US$ 700 milhões.
Anteontem, o dólar comercial para venda terminou o dia a R$ 1,2110. Ou seja, o real foi desvalorizado em 8,26%.
O Banco Central também atuou no mercado de dólar flutuante, um segmento do turismo, vendendo em torno de US$ 250 milhões. Colocou o dólar na cotação de R$ 1,32, uma desvalorização de cerca de 4,70% contra o fechamento de anteontem, de R$ 1,258 em alguns bancos.
O Banco Central também atuou de maneira discreta realizando vendas diretamente juntos aos operadores de bancos. Não queria realizar muitos leilões para evitar uma tensão maior no mercado.
No mercado de dólar paralelo, também houve uma forte desvalorização do real. O paralelo para venda, que estava cotado a R$ 1,27, subiu para R$ 1,37, uma desvalorização de 7,30%.
No mercado de dólar futuro, não houve negócios. Com a mididesvalorização, o "circuit breaker" da Bolsa de Mercadorias & Futuros foi acionado. Para o contrato mais curto, os negócios param toda a vez que a variação atinge 1% e para o de vencimento em maio, 1,5%.
Para o presidente da Bolsa de Valores de São Paulo, Alfredo Rizkallah, a alteração na política cambial promovida pelo governo foi positiva. "O importante agora é o Congresso aprovar o ajuste fiscal e a reforma da Previdência", diz Rizakallah.
Segundo ele, o ajuste cambial veio para "estancar um processo de homorragia", mas é necessário ainda curar a doença.





Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.