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Troca no BC pára pregão em S. Paulo
da Reportagem Local
A mididesvalorização cambial,
mudança na política de ajuste do
valor do real e a saída do presidente do Banco Central, Gustavo Franco, trouxeram mais incertezas ao
mercado financeiro. A primeira
reação foi negativa, com o mercado pedindo desvalorização maior
do que 8,26%.
A Bolsa de Valores de São Paulo
abriu uma hora mais tarde, às 12h
e, 12 minutos depois, foi acionado
o "circuit breaker", mecanismo
que interrompe as negociações toda a vez que o mercado atinge queda de 10%.
Quando voltou a funcionar, às
12h42, o mercado de ações se acalmou. Terminou com queda menor, de 5,04%.
O governo teria atuado, por intermédio do BNDESPar e das fundações, para sustentar o preço das
ações. Mas os analistas são unânimes em dizer que, depois da queda
forte e rápida inicial, os investidores pensaram melhor nas mudanças e se acalmaram.
Os preços das ações de empresas
brasileiras em Nova York subiram
primeiro, estimulando uma melhoria em São Paulo.
O mercado movimento um volume de recursos ainda pequeno, de
R$ 412,96 milhões anteontem, contra R$ 600 milhões há um ano. Mas
melhor do que os R$ 302,68 milhões de anteontem.
Essa é a primeira vez no ano que é
acionado o "circuit breaker" em
São Paulo. O mecanismo começou
a funcionar em 97, no meio da crise
asiática. Impede quedas bruscas de
um dia para o outro e evita perdas
grandes demais. Na Bolsa de Valores do Rio, o pregão também foi interrompido.
"A grande dúvida é se o mercado
vai acreditar que a desvalorização
do real será mesmo gradual. É natural que as incertezas sejam grandes no primeiro momento", disse
Rodrigo Moraes, do Banco Rendimento.
Nos mercados futuros, os juros
explodiram. As projeções para janeiro passaram de 30,63% ao ano
para até 65%. Fecharam a 38,70%.
"O mercado está pedindo uma
alta de juros. Mas eu não acredito
que o governo vá fazer isso agora,
por causa das repercussões políticas", disse André Penalva, do Banco Patrimônio, recentemente comprado pelo Chase.
Os investidores passam agora a
ficar de olho no fluxo cambial. Saídas muito fortes de dólares acabam por pressionar a cotação do
real e aumentam as perdas das reservas, o caixa em moeda forte do
país. Hoje, elas estão em patamares
inferiores a US$ 33 bilhões.
O mercado também vai prestar
especial atenção à votação das medidas de ajuste fiscal e de reforma
da Previdência no Congresso.
A Argentina também preocupa,
segundo especialistas do mercado.
O país vizinho e parceiro no Mercosul perde com a mididesvalorização de 8,26%, pois suas exportações ao Brasil ficam mais caras.
A Bolsa de Valores da Argentina
terminou o dia em uma queda de
10,23%, maior do que a da Bolsa
brasileira. Os títulos da dívida externa argentinos também tiveram
quedas mais bruscas do que os
brasileiros nos mercados internacionais.
O título Brasil 27, por exemplo,
que vence no ano de 2027, teve
queda de 7,5% em suas cotações
ontem, contra uma queda de
12,70% no título argentino chamado de Arg 27.
A Argentina, assim como Hong
Kong, tem paridade fixa de sua
moeda em relação ao dólar.
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