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Desvalorização não agrada a analistas
de Londres
A desvalorização do real não
agradou a ninguém. Essa é a avaliação corrente entre analistas europeus sobre a crise que está deixando o Brasil no epicentro da turbulência nos mercados financeiros
internacionais.
"A desvalorização decepcionou
quem esperava, como eu, que o governo não tocasse no câmbio e não
agradou o suficiente àqueles que
defendiam uma maxidesvalorização", disse o chefe do departamento de análises de Mercados Emergentes do Bank of America em
Londres, Richard Gray.
Segundo Gray, o mercado continuará na expectativa de que mais
desvalorizações venham pela frente. "O real não está barato o suficiente para encorajar a volta do
fluxo de investimentos", explicou.
Por essa razão, "a crise poderá
piorar", disse Gray. A solução está
na mão dos políticos brasileiros.
A expectativa dos analistas que
acompanham o mercado brasileiro é ver "as metas do plano de ajuste fiscal para equilibrar as contas
do governo implementadas".
"O mercado internacional está
julgando esse cenário de incerteza
política e sinalizando que não há
intenção hoje de voltar a investir
no país", resume.
Michael Hughes, diretor para
Mercados Emergentes do Fleming
Asset Management, compara a crise brasileira à de bancos atingidos
por rumores de falência.
"Os clientes fazem fila e retiram
seu dinheiro. Se o banco continua
pagando seus compromissos, limpa sua imagem. Da mesma forma,
o Brasil tem de manter o câmbio a
todo custo", disse.
Para cumprir essa meta, o país
terá de queimar cada vez mais reservas. A dúvida é, justamente, se
haverá recursos suficientes.
Hughes lembra que o país ainda
pode usar o empréstimo de US$
41,5 bilhões já acertado com o FMI
(Fundo Monetário Internacional).
"É difícil fazer previsões sobre
assuntos que envolvem confiança.
Se o governo brasileiro for bem sucedido na tentativa de segurar o
real, a desvalorização será coisa do
passado", diz.
Do contrário, afirma ele, "as consequências, para o mundo, de uma
maxidesvalorização, seriam desastrosas".
(IC)
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