São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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REPERCUSSÃO
Empresário do grupo Votorantim critica política cambial e sugere a adoção de restrições à importação de supérfluos
Antonio Ermírio vê início de incentivo à exportação

da Reportagem Local

O empresário Antonio Ermírio de Moraes, 70, vice-presidente do conselho de administração do grupo Votorantim, disse que a mudança da política cambial é um primeiro passo, a conferir, para um maior incentivo às exportações.
"A solução para os problemas do Brasil é um aumento significativo das exportações. A verdadeira riqueza de um país é o saldo na balança comercial, com o valor das exportações bem maior do que o das importações."
Além de defender uma política econômica voltada para o aumento das exportações, Antonio Ermírio quer restrições às importações de produtos supérfluos, principalmente de automóveis.
"Como pode um país pobre como o Brasil, com um desemprego recorde, gastar US$ 2 bilhões por ano com a importação de automóveis? É preferível andar numa carroça e jogar esses US$ 2 bilhões na educação básica do que sair por aí massageando o ego", afirmou.
O empresário criticou a política de juros altos para a defesa da taxa de câmbio sobrevalorizada. "Isso faz com que as reservas cambiais do país sejam formadas principalmente por capitais especulativos de curto prazo", disse.
Numa referência à moratória da dívida de Minas, disse que "basta alguém abrir o bico para sair US$ 1 bilhão por dia do país".
Com relação à mudança de comando no Banco Central, Antonio Ermírio afirmou que respeita muito Gustavo Franco, mas acha que ele agiu como "um camelô" ao conclamar, recentemente, grupos estrangeiros a adquirir negócios no país porque as empresas brasileiras estariam muito baratas.
Quanto a Francisco Lopes, futuro presidente do BC, Antonio Ermírio foi breve e enigmático: "Só me lembro dele como um dos criadores do Plano Cruzado."
(ANTONIO CARLOS SEIDL)



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