|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidente da Fiesp nega ter pedido "cabeça" de Franco
e da Reportagem Local
O presidente da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo), Horácio Lafer Piva, afirmou ontem que a entidade "não
pediu a cabeça" do presidente demissionário do Banco Central,
Gustavo Franco.
"A Fiesp, como entidade, em nenhum momento pediu a cabeça de
alguém. Temos dito apenas que
queremos buscar alternativas para
a política econômica. Não adianta
tirar um e colocar outro que pense
da mesma forma."
Piva também amenizou as reivindicações do empresariado de
queda imediata das taxas de juros.
Defendeu uma redução "mais cuidadosa", que não comprometa o
ajuste fiscal.
Nos últimos meses, os empresários reforçaram suas pressões sobre o governo contra a política de
juros e a manutenção de Franco na
presidência do BC.
Segundo Piva, a equipe econômica conta com "espaços" para a redução da taxa de juros para cerca
de 22%, conforme estudos da
Fiesp. Mas acrescentou que essa
queda não pode ser feita de "maneira irresponsável".
"Não podemos comprometer
nesse momento o ajuste fiscal",
disse ele. Quanto à política cambial, Lafer Piva foi ainda mais comedido. Ele considera que, agora,
"não há espaços" para mudanças.
O presidente da Fiesp afirmou
ainda que o governo precisa de um
"choque de credibilidade" e que o
Congresso Nacional pode colaborar nessa tarefa ao aprovar as medidas de ajuste fiscal.
Expectativa
Para Abram Szajman, presidente
da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, "o Brasil tinha
que criar uma expectativa nova e
fez isso. Tomou uma providência.
Mas, e as reformas da Previdência
e tributária? Isso tem que ser feito
com rapidez. Quem importa matéria-prima vai ver seu custo subir,
mas vai ter que ganhar na produtividade."
Hermann Wever, presidente da
Siemens do Brasil: "A mudança
da política cambial foi correta.
Com essa atitude, que permite
uma desvalorização do real em
cerca de 9%, o governo fez em um
dia o que o novo Ministério do Desenvolvimento poderia fazer em
um ano: aumentou substancialmente a competitividade do produto brasileiro dentro e fora do
país. Precisamos exportar mais.
Cada US$ 1 bilhão a mais de exportações cria 50 mil empregos diretos no país."
Boris Tabacof, presidente do
conselho superior de economia
da Fiesp: "A mudança foi numa
dose adequada e mostra que a cotação da moeda pode evoluir. O
que falta agora para o país atravessar essa turbulência é obter o apoio
no Congresso às medidas de ajuste
e conseguir manter o apoio do sistema financeiro internacional."
Paulo Butori, presidente do
Sindipeças: "Foi a pior hora para o
Gustavo Franco ter saído. O problema da balança comercial preocupa. Quando há desvalorização,
aumenta o custo dos produtos importados. Temo muito pelo Mercosul. Quem investiu na Argentina
deve estar bastante preocupado."
Sérgio Haberfeld, presidente da
Abre (Associação Brasileira de
Embalagem): "O impacto da mudança do câmbio não é tão grande
para a indústria de embalagens,
porque o setor já esperava um recessão brava para 99. Além disso,
já era esperada mudança na banda
cambial para fevereiro. Só foi antecipada em um mês. É claro que tudo o que é importado vai ficar
mais caro, mas no nosso setor isso
não é tão significativo. Agora, para
o país não sei se é ruim ou bom essa desvalorização do real, pois
num clima de recessão, acho que
só vai aliviar um pouco as exportações. O que não pode ter é uma
maxidesvalorização do real. Os investimentos que estão em andamento vão continuar, mas certamente os que seriam deslanchados
neste início de ano vão esperar um
pouco."
Lawrence Pih, presidente do
Moinho Pacífico: "No melhor cenário, haverá uma pressão inflacionária. Muitos segmentos dependem do câmbio e os produtos
importados ficarão mais caros.
Se o governo conseguir sensibilizar o Congresso para aprovar as
medidas necessárias e acordadas
com o FMI, num prazo mais longo
poderá obter a queda dos juros."
José Humberto Pires de Araujo,
presidente da Abras (Associação
Brasileira dos Supermercados):
"Desvalorizar gradualmente a
moeda para incentivar a exportação é positivo. Agora, se houver
movimento para aumentar preços,
vamos ser cautelosos. O fato é que
os supermercadistas não receberam com grande preocupação a
mudança no câmbio, pois não somos grandes importadores."
Elvio Aliprandi, presidente da
Associação Comercial de São
Paulo: "A saída de Gustavo Franco
não provoca grande impacto na
economia, pois Francisco Lopes já
fazia parte da equipe econômica. É
preciso aumentar as exportações
brasileiras e desvalorização do real
vai ajudar. As importações foram
dificultadas, só que o país importava muito produto supérfluo."
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|