São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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"Fechem os olhos e votem", diz líder

da Sucursal de Brasília

Ministros e líderes dos partidos governistas usaram a crise que culminou com a demissão de Gustavo Franco do Banco Central para pressionar a base parlamentar do governo a aprovar as medidas provisórias do ajuste fiscal ontem.
Na reunião da Executiva do PFL, pela manhã, o líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), resumiu qual deveria ser a posição dos governistas: "Não se discute. Fechem os olhos e votem". Lembrado de que havia muitas pendências entre os aliados, acrescentou: "Anotem e cobrem amanhã".
O ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) foi a uma reunião da bancada do PSDB, no início da tarde, e avisou que o resultado da votação seria fundamental. "É um dia fatal para o país. Está tudo nas mãos do Congresso, da sinalização que sairá daqui."
As resistências na bancada do PMDB foram quebradas em reunião dos ministros Eliseu Padilha (Transportes) e Renan Calheiros (Justiça) e do presidente do partido, Jader Barbalho, com os vice-líderes da bancada na Câmara.
"O PMDB é governo. Nós ajudamos a eleger o presidente. Tudo o que nós pleiteamos nós conseguimos. Temos que dar uma resposta imediata", disse Padilha. Após a reunião, a cúpula do PMDB avaliava que o número de dissidentes não passaria de 20.
A bancada do PTB queria cargos no governo e ameaçava votar majoritariamente contra as MPs. Após duas horas e meia de reunião, no início da tarde de ontem, o líder da bancada, Paulo Heslander (MG), anunciou uma mudança radical na posição do partido.
"Face à gravidade da crise, não discutiremos agora a participação do partido no governo. Queremos discutir a crise. A questão dos cargos fica para a próxima legislatura. A crise é tão aguda que qualquer fagulha acelera o processo", disse Heslander -que não se reelegeu.
O governo também procurou acalmar representantes da bancada do Nordeste, que não aceitam a extinção do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca). Inocêncio e um grupo de 20 deputados foram recebidos no Planalto pelo secretário Eduardo Graeff (Relações Institucionais).
Propuseram que o governo adie por 90 dias a extinção do órgão. Nesse período, seria analisada a reformulação do Dnocs ou a sua substituição por outro órgão com funções semelhantes. Graeff ficou de levar a proposta a Fernando Henrique Cardoso. (LUCIO VAZ)


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