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"Fechem os olhos e votem", diz líder
da Sucursal de Brasília
Ministros e líderes dos partidos
governistas usaram a crise que culminou com a demissão de Gustavo
Franco do Banco Central para
pressionar a base parlamentar do
governo a aprovar as medidas provisórias do ajuste fiscal ontem.
Na reunião da Executiva do PFL,
pela manhã, o líder do partido na
Câmara, Inocêncio Oliveira (PE),
resumiu qual deveria ser a posição
dos governistas: "Não se discute.
Fechem os olhos e votem". Lembrado de que havia muitas pendências entre os aliados, acrescentou: "Anotem e cobrem amanhã".
O ministro Pimenta da Veiga
(Comunicações) foi a uma reunião
da bancada do PSDB, no início da
tarde, e avisou que o resultado da
votação seria fundamental. "É um
dia fatal para o país. Está tudo nas
mãos do Congresso, da sinalização
que sairá daqui."
As resistências na bancada do
PMDB foram quebradas em reunião dos ministros Eliseu Padilha
(Transportes) e Renan Calheiros
(Justiça) e do presidente do partido, Jader Barbalho, com os vice-líderes da bancada na Câmara.
"O PMDB é governo. Nós ajudamos a eleger o presidente. Tudo o
que nós pleiteamos nós conseguimos. Temos que dar uma resposta
imediata", disse Padilha. Após a
reunião, a cúpula do PMDB avaliava que o número de dissidentes
não passaria de 20.
A bancada do PTB queria cargos
no governo e ameaçava votar majoritariamente contra as MPs.
Após duas horas e meia de reunião, no início da tarde de ontem, o
líder da bancada, Paulo Heslander
(MG), anunciou uma mudança radical na posição do partido.
"Face à gravidade da crise, não
discutiremos agora a participação
do partido no governo. Queremos
discutir a crise. A questão dos cargos fica para a próxima legislatura.
A crise é tão aguda que qualquer
fagulha acelera o processo", disse
Heslander -que não se reelegeu.
O governo também procurou
acalmar representantes da bancada do Nordeste, que não aceitam a
extinção do Dnocs (Departamento
Nacional de Obras contra a Seca).
Inocêncio e um grupo de 20 deputados foram recebidos no Planalto
pelo secretário Eduardo Graeff
(Relações Institucionais).
Propuseram que o governo adie
por 90 dias a extinção do órgão.
Nesse período, seria analisada a reformulação do Dnocs ou a sua
substituição por outro órgão com
funções semelhantes. Graeff ficou
de levar a proposta a Fernando
Henrique Cardoso.
(LUCIO VAZ)
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