São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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Crise é problema deles, afirma Itamar

FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governador Itamar Franco, cujo anúncio de moratória ajudou a abalar a credibilidade do Brasil no mercado internacional, classificou como "um problema deles lá (de Brasília)" a turbulência pela qual passou o país ontem.
Essa foi a definição dada pelo governador a um assessor do Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, segundo a Folha apurou. Ontem ele não deu entrevistas.
Segundo assessores, Itamar não estava preocupado com as mudanças na política cambial e com a saída de Gustavo Franco do Banco Central.
Os dois principais colaboradores de Itamar, o secretário da Fazenda, Alexandre Dupeyrat, e o da Casa Civil, Henrique Hargreaves, também evitaram tocar no assunto.
Dupeyrat disse que ouviu o assunto "en passant". "Estou tratando do governo do Estado de Minas Gerais", disse o representante da Fazenda, no meio da tarde. Hargreaves também evitou comentários, respondendo, com ironia, que, da última vez que falou, derrubou a Bolsa de Tóquio.
Ele se referia à declaração dada na quinta-feira da semana passada de que o Estado não tinha dinheiro, ao responder se pagaria os eurobônus (US$ 108 milhões, que vencem em fevereiro). O vice-governador Newton Cardoso afirmou, na segunda-feira, que o compromisso será honrado.
A assessoria de imprensa de Itamar convocou a imprensa para ouvir um pronunciamento que ele fará hoje às 10h, durante reunião do Conselho de Administração da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), na sede da empresa. A previsão é que ele não responda a perguntas dos jornalistas.
O governo vai indicar seus seis representantes no Conselho, composto por 11 integrantes. Itamar vai auditar a venda de 33% das ações ordinárias da companhia, feita no governo do tucano Eduardo Azeredo, derrotado por Itamar.

Recurso
A Procuradoria Geral do Estado continua trabalhando na elaboração da peça jurídica para justificar a moratória e tentar suspender a retenção de recursos feita pelo Ministério da Fazenda.
A Agência Folha apurou que o governo vai acionar o STF (Supremo Tribunal Federal), provavelmente impetrando um mandado de segurança com pedido de liminar. A sustentação do documento deve ser a impossibilidade material, que estaria obrigando o Estado a priorizar os compromissos sociais e suspender o pagamento das dívidas com o governo.



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