|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crise é problema deles, afirma Itamar
FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O governador Itamar Franco, cujo anúncio de moratória ajudou a
abalar a credibilidade do Brasil no
mercado internacional, classificou
como "um problema deles lá (de
Brasília)" a turbulência pela qual
passou o país ontem.
Essa foi a definição dada pelo governador a um assessor do Palácio
da Liberdade, sede do governo mineiro, segundo a Folha apurou.
Ontem ele não deu entrevistas.
Segundo assessores, Itamar não
estava preocupado com as mudanças na política cambial e com a saída de Gustavo Franco do Banco
Central.
Os dois principais colaboradores
de Itamar, o secretário da Fazenda,
Alexandre Dupeyrat, e o da Casa
Civil, Henrique Hargreaves, também evitaram tocar no assunto.
Dupeyrat disse que ouviu o assunto "en passant". "Estou tratando do governo do Estado de Minas
Gerais", disse o representante da
Fazenda, no meio da tarde. Hargreaves também evitou comentários, respondendo, com ironia,
que, da última vez que falou, derrubou a Bolsa de Tóquio.
Ele se referia à declaração dada
na quinta-feira da semana passada
de que o Estado não tinha dinheiro, ao responder se pagaria os eurobônus (US$ 108 milhões, que
vencem em fevereiro). O vice-governador Newton Cardoso afirmou, na segunda-feira, que o compromisso será honrado.
A assessoria de imprensa de Itamar convocou a imprensa para ouvir um pronunciamento que ele fará hoje às 10h, durante reunião do
Conselho de Administração da Cemig (Companhia Energética de
Minas Gerais), na sede da empresa. A previsão é que ele não responda a perguntas dos jornalistas.
O governo vai indicar seus seis
representantes no Conselho, composto por 11 integrantes. Itamar
vai auditar a venda de 33% das
ações ordinárias da companhia,
feita no governo do tucano Eduardo Azeredo, derrotado por Itamar.
Recurso
A Procuradoria Geral do Estado
continua trabalhando na elaboração da peça jurídica para justificar
a moratória e tentar suspender a
retenção de recursos feita pelo Ministério da Fazenda.
A Agência Folha apurou que o
governo vai acionar o STF (Supremo Tribunal Federal), provavelmente impetrando um mandado
de segurança com pedido de liminar. A sustentação do documento
deve ser a impossibilidade material, que estaria obrigando o Estado a priorizar os compromissos
sociais e suspender o pagamento
das dívidas com o governo.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|