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EM TRANSE
Especulação sobre relatório da ONU leva cotação da moeda a R$ 3,665, alta de 1,66%; risco sobe 2,19%, a 1.351 pontos
Iraque estressa, e dólar bate o recorde do ano
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
A especulação sobre o que será
apresentado hoje pelo chefe dos
inspetores da ONU, Hans Blix,
aumentou o nervosismo no mercado financeiro. Apesar da atuação direta do Banco Central, que
vendeu dólares no mercado à vista, a cotação não cedeu e o dólar
fechou o dia com alta de 1,66%,
cotado a R$ 3,665, o maior valor
desde 13 de dezembro.
O dia também foi de forte depreciação para os papéis brasileiros transacionados no exterior. O
C-Bond, principal título da dívida
brasileira, caiu 0,71%. O risco-país, medido pelo JP Morgan, subiu 2,19%, para 1.351 pontos.
"O cenário externo prevaleceu
mais uma vez. Pode ser que Blix
diga que o Iraque tem mísseis
com alcance além do permitido, o
que poderá dar aos Estados Unidos uma justificativa para atacar",
disse Marco Antonio Azevedo,
gerente de câmbio do Brascan.
Além da intervenção no mercado de câmbio, o Banco Central
anunciou ontem que não irá recomprar as linhas de crédito para
exportação que vencem entre fevereiro e abril deste ano.
A decisão, anunciada por Luiz
Fernando Figueiredo, diretor de
Política Monetária da instituição,
fez a alta do dólar perder a força
por alguns momentos, mas em
seguida a iminência da guerra fez
a moeda voltar a subir.
Segundo analistas, a medida do
BC terá influência nas próximas
semanas. Para Joaquim Kokudai,
diretor de tesouraria do banco
Lloyds TSB, o fato de o montante
de aproximadamente US$ 1,5 bilhão ser bastante expressivo deverá colaborar para "irrigar" o mercado de dólares à vista.
"Além de o volume ser grande,
havia alguns bancos que não estavam olhando para essas linhas,
por isso a declaração do Figueiredo é excelente", disse.
Kokudai também relembra que
o fato de alguns países na Europa
serem contrários à guerra é o pior
cenário no médio prazo em termos econômicos. "Primeiro não
se sabe com certeza se haverá ou
não conflito. Depois, se o mundo
estivesse unido, facilitaria muito
uma solução para o Iraque quando a guerra acabasse."
A aproximação do final de semana e o feriado na segunda nos
EUA também fizeram crescer a
demanda por dólares.
Inflação
A divulgação dos últimos índices inflacionários também colaborou para que a cotação do dólar
não diminuísse e para que rumores de um novo aumento da Selic
(taxa básica de juros) na próxima
semana circulassem pelo mercado financeiro.
O IPCA referente ao mês de janeiro divulgado ontem foi de
2,25%, 0,15 ponto percentual a
mais do que em dezembro.
"Mas, se não houvesse atualmente um cenário internacional
tão ruim, o fato de a inflação não
ceder não teria um impacto tão
grande e não causaria todo esse
estresse", disse Carlos Gandolfo,
da Pioneer Corretora.
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