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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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EM TRANSE

Especulação sobre relatório da ONU leva cotação da moeda a R$ 3,665, alta de 1,66%; risco sobe 2,19%, a 1.351 pontos

Iraque estressa, e dólar bate o recorde do ano

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

A especulação sobre o que será apresentado hoje pelo chefe dos inspetores da ONU, Hans Blix, aumentou o nervosismo no mercado financeiro. Apesar da atuação direta do Banco Central, que vendeu dólares no mercado à vista, a cotação não cedeu e o dólar fechou o dia com alta de 1,66%, cotado a R$ 3,665, o maior valor desde 13 de dezembro.
O dia também foi de forte depreciação para os papéis brasileiros transacionados no exterior. O C-Bond, principal título da dívida brasileira, caiu 0,71%. O risco-país, medido pelo JP Morgan, subiu 2,19%, para 1.351 pontos.
"O cenário externo prevaleceu mais uma vez. Pode ser que Blix diga que o Iraque tem mísseis com alcance além do permitido, o que poderá dar aos Estados Unidos uma justificativa para atacar", disse Marco Antonio Azevedo, gerente de câmbio do Brascan.
Além da intervenção no mercado de câmbio, o Banco Central anunciou ontem que não irá recomprar as linhas de crédito para exportação que vencem entre fevereiro e abril deste ano.
A decisão, anunciada por Luiz Fernando Figueiredo, diretor de Política Monetária da instituição, fez a alta do dólar perder a força por alguns momentos, mas em seguida a iminência da guerra fez a moeda voltar a subir.
Segundo analistas, a medida do BC terá influência nas próximas semanas. Para Joaquim Kokudai, diretor de tesouraria do banco Lloyds TSB, o fato de o montante de aproximadamente US$ 1,5 bilhão ser bastante expressivo deverá colaborar para "irrigar" o mercado de dólares à vista.
"Além de o volume ser grande, havia alguns bancos que não estavam olhando para essas linhas, por isso a declaração do Figueiredo é excelente", disse.
Kokudai também relembra que o fato de alguns países na Europa serem contrários à guerra é o pior cenário no médio prazo em termos econômicos. "Primeiro não se sabe com certeza se haverá ou não conflito. Depois, se o mundo estivesse unido, facilitaria muito uma solução para o Iraque quando a guerra acabasse."
A aproximação do final de semana e o feriado na segunda nos EUA também fizeram crescer a demanda por dólares.

Inflação
A divulgação dos últimos índices inflacionários também colaborou para que a cotação do dólar não diminuísse e para que rumores de um novo aumento da Selic (taxa básica de juros) na próxima semana circulassem pelo mercado financeiro.
O IPCA referente ao mês de janeiro divulgado ontem foi de 2,25%, 0,15 ponto percentual a mais do que em dezembro.
"Mas, se não houvesse atualmente um cenário internacional tão ruim, o fato de a inflação não ceder não teria um impacto tão grande e não causaria todo esse estresse", disse Carlos Gandolfo, da Pioneer Corretora.


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