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Corte no Orçamento deve chegar a R$ 16,5 bi
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anuncia hoje um
corte de R$ 16,5 bilhões no Orçamento deste ano, informou o
ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo. De acordo
com ele, "os cortes estão concentrados em custeio e despesas correntes". Despesas correntes incluem os gastos do governo para funcionamento dos
órgãos públicos.
"Estamos preservado todos
os programas prioritários e
obras do PAC [Programa de
Aceleração do Crescimento].
Não acredito que isso [o corte]
vai atrapalhar o PAC. Não é um
corte de emendas de parlamentares", disse Bernardo à noite,
após participar de audiência na
Câmara dos Deputados.
Segundo ele, todos os ministérios terão cortes. Pela manhã,
durante reunião dos integrantes do conselho politico com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o governo antecipou a deputados e senadores da base
aliada que o corte ficaria próximo de R$ 16 bilhões.
Desabafo
À tarde, ao comentar com interlocutores o corte, Lula fez
um desabafo em defesa da política econômica do governo, alvo de críticas inclusive do PT.
"Fiz isso [corte no Orçamento]
e vou fazer o que for preciso para manter a estabilidade da
economia", declarou ontem o
presidente, segundo a Folha
apurou.
Em seu gabinete, ao defender o corte, ainda prometeu
manter Henrique Meirelles na
presidência do Banco Central.
"Sempre tive consciência de
que não poderia desestabilizar
a economia. Os juros e a política monetária vão continuar
com o Banco Central. Por isso o
Meirelles fica", afirmou o presidente Lula.
Apesar de Bernardo ter assegurado que o corte não afetará
emendas dos parlamentares,
será muito difícil que isso não
ocorra. Nos últimos anos, os
cortes sempre recaíram os
acréscimos feitos por deputados e senadores à proposta original do governo.
Superávit
O bloqueio nos gastos do Orçamento será feito para adequar os gastos à arrecadação do
governo neste ano. Ao anunciar
o PAC, a equipe econômica informou que a meta para o superávit primário (receitas menos
despesas, exceto gastos com os
juros da dívida) deste ano deve
ficar em 3,75% do PIB (Produto
Interno Bruto).
Oficialmente a meta continua em 4,25% do PIB, mas os
recursos para obras de infra-estrutura incluídas no PAC foram
elevados para 0,5% do PIB.
Com isso, a economia feita pelo
setor público (União, Estados,
municípios e estatais) para pagamento de juros da dívida pública será reduzida.
Esse mecanismo foi acertado
pelo governo durante a vigência do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
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