São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2007

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Bolsas caem com crise imobiliária nos EUA

Na Bovespa, baixa foi de 3,39%; mercado mundial teme quebra de empresas que fazem empréstimos habitacionais nos EUA

Detonador foi divulgação de aumento na inadimplência de hipotecas de americanos em 2006; resultado do varejo também desagradou


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Temores sobre a saúde financeira do setor imobiliário norte-americano abalou as Bolsas de Valores na maior parte do mundo. Para a Bovespa, o saldo foi uma queda de 3,39%.
Na última sexta-feira, começou a ganhar força no mercado as preocupações com o futuro das instituições que fazem financiamentos habitacionais, especialmente a pessoas com histórico de crédito ruim. Ontem foi noticiado que houve aumento indesejável na inadimplência das hipotecas nos EUA no último trimestre de 2006.
Em Wall Street, o índice Dow Jones, teve queda de 1,97%, puxado por ações do setor financeiro. A Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 2,15%.
Têm aumentado no mercado as dúvidas em relação ao impacto que problemas no setor imobiliário possam ter no sistema financeiro americano.
As ações do Bear Stearns estiveram entre as que mais sofreram na Bolsa de Nova York, desabando 6,64%. Também foram destaque negativo as ações do JP Morgan Chase, que perderam 4,38%.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, nenhum dos 58 papéis que formam o índice Ibovespa conseguiu terminar o pregão de ontem em alta. Desde o começo da atual fase de turbulências -desencadeada pela queda de quase 9% da Bolsa da China em 27 de fevereiro-, a Bovespa acumula perdas de 7,5%.
Refletindo o dia ruim que abateu os mercados, o risco-país brasileiro registrou alta de 3,66% e foi a 198 pontos.
O dólar também acabou por subir diante do real, interrompendo uma seqüência de cinco dias seguidos de baixa. Ontem o dólar fechou a R$ 2,104, em alta de 0,77%.
Além da inquietação gerada pelo setor imobiliário, o desempenho do varejo nos Estados Unidos desagradou. Ontem foi divulgado que as vendas do varejo em fevereiro tiveram tímido crescimento de 0,1%, abaixo das projeções dos analistas. Ou seja, o dado demonstrou que a maior economia do mundo está em ritmo mais fraco que o desejado.
"Os mercados, que têm vivido dias de bastante volatilidade, têm se mostrado muito sensíveis aos indicadores de curto prazo", afirma Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB. "No caso do setor imobiliário, apesar da repercussão negativa de ontem dentre os investidores, entendo que não há uma contaminação geral", diz o economista.
A Europa não se isolou. Houve quedas relevantes nas Bolsas de Frankfurt (-1,36%), Londres (-1,16%) e Paris (-1,15%), com analistas citando as preocupações com as instituições de crédito hipotecário nos EUA.
Nos próximos, a divulgação de dados econômicos americanos seguirão concentrando as atenções nos mercados globais.
Na quinta e na sexta, dois dos mais importantes dados de inflação dos EUA serão divulgados. O PPI (índice de preços ao produtor, na sigla em inglês), sai amanhã. No dia seguinte, é a vez do CPI (que mede a inflação ao consumidor). Além disso, sairá o resultado da produção industrial do mês passado.

Perdas
As agitadas últimas duas semanas têm se refletido na saída de capital estrangeiro da Bovespa. Do dia 27 de fevereiro até o último dia 8, os estrangeiros mais venderam que compraram ações na Bovespa em montante de aproximadamente R$ 762,1 milhões.


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