São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2007

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Outra empresa suspende crédito imobiliário

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Depois da New Century Financial, ontem outra empresa americana especializada em empréstimos imobiliários para pessoas com histórico de crédito ruim -o chamado "segmento subprime"- avisou estar em dificuldades financeiras. A Accredited Home Lenders afirmou que, se não obtiver mais recursos, poderá ir à falência.
Na segunda, a New Century informou ter suspendido a concessão de novos empréstimos por falta de fundos. Ontem, disse que a SEC (Securities and Exchange Comission, órgão regulatório semelhante à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil) solicitou documentos para investigação sobre sua contabilidade. As preocupações com o setor crescem a cada dia, no mercado financeiro e entre os economistas.
E está no grande crescimento da taxa de inadimplência o motivo para o aumento dos temores. Segundo levantamento da Associação de Bancos de Hipoteca, chegou a 13,33% no último trimestre de 2006 a taxa de não-pagamento dos empréstimos no "segmento subprime", contra 12,56% no trimestre anterior. É a maior taxa desde 2003. No nicho "prime" -cujos clientes gozam juro baixo por terem histórico de crédito mais positivo-, a inadimplência subiu de 2,44% para 2,57%.
Segundo alguns especialistas, a forte alta nos preços das casas, devido ao superaquecimento do mercado imobiliário, é uma das explicações para o crescimento da inadimplência. Outra é a elevação da taxa de juros americana -a partir de 2004 ela subiu de 1% ao ano para os atuais 5,25% ao ano.
Ficou cada vez mais difícil para quem contratou um financiamento para comprar a casa própria pagar as mensalidades.
Na economia dos EUA, isso afeta o consumo das famílias. O mercado imobiliário também sofre: as casas começam a se desvalorizar. Mas os analistas relutam em afirmar que tal processo vá levar à recessão porque outras áreas da economia americana caminham relativamente bem.
Se as companhias que fornecem crédito forem à falência, quem investe nelas também terá prejuízos porque o dinheiro que repassam aos clientes é captado de instituições financeiras que compram cota (título mobiliário) de um fundo formado pelos empréstimos -é como se a instituição desse parte dos recursos ao crédito, recebendo-a de volta com juros.


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