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CARGAS
Crise deixa caminhoneiros sem carga para transportar
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com menos trabalho por
conta da crise econômica, os
caminhoneiros autônomos
se aglomeram nos terminais
à espera de serviço.
No pátio do terminal do
Parque Novo Mundo, na zona norte de São Paulo, quase
1.000 caminhões estavam
parados ontem. Normalmente, o número não passa
de 500, segundo a Abcam
(Associação Brasileira dos
Caminhoneiros).
Se antes um caminhoneiro
não ficava mais de um dia
sem frete, agora alguns estão
há mais de uma semana sem
perspectiva de trabalho e vivendo em condições precárias no terminal, sem condições de higiene e segurança.
Marcelo Azevedo Bezerra,
36, está desde sábado dormindo no caminhão sem
perspectiva de trabalhar.
"Diziam que, se os caminhões parassem, o Brasil
também parava. Se isso for
mesmo verdade, então essa
crise está grave", afirma.
José Alves de Brito, 60, já
pensa até em vender seu caminhão. A última grande viagem que ele fez, para Rondônia, foi no final de janeiro.
Desde então, não arrumou
mais nada. Está há uma semana no terminal do Parque
Novo Mundo. Diz que precisa desembolsar R$ 15 por dia
para deixar o caminhão lá,
além das despesas básicas.
"Já vi várias crises desde
que comecei, há 20 anos.
Mas nunca vi nenhuma como esta. Esta é, sem dúvida, a
pior. Estou há semanas só
gastando dinheiro", diz.
(PAULO DE ARAUJO)
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