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Comércio reage após 3 meses de queda
Vendas do varejo cresceram 1,4% em janeiro em relação a dezembro e interromperam sequência de retração iniciada com a crise
Na opinião de especialistas, tendência se mantém no
1º trimestre, na esteira de promoções adotadas pelas lojas para desovar estoques
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Passado o susto do final de
2008 provocado pela crise, o
comércio varejista vive uma fase de recuperação. Pelos dados
do IBGE, as vendas do varejo
cresceram 1,4% em janeiro em
relação a dezembro na taxa
com ajuste sazonal, interrompendo uma sequência de três
meses de retração.
Foi ainda a maior expansão
desde março de 2008 (1,5%)
nessa base de comparação. Tal
desempenho contrasta com as
quedas de 0,4% em dezembro e
1,1% em novembro. Na comparação com janeiro de 2008, as
vendas do comércio varejista
avançaram 6%.
De acordo com setores e especialistas ouvidos pela Folha,
os números indicam que a reação do comércio se manteve
em fevereiro e nos primeiros
dias de março, na esteira principalmente de promoções e
preços mais baixos de alimentos e outros bens e serviços.
Para Reinaldo Pereira, economista do IBGE, o resultado
de janeiro mostra uma melhora do desempenho do setor,
propiciada pelas promoções
realizadas em janeiro para desovar os estoques de Natal. Há
ainda, diz, a influência positiva
do recuo da inflação, principalmente de alimentos.
Diante de tal cenário, as vendas de móveis e eletrodomésticos subiram 7,1% de dezembro
para janeiro. Já as de vestuário
e calçados avançaram 2,2%.
Em ambos os casos, o impulso
veio das liquidações. "O comércio começou o ano muito estocado. O Natal não foi tão bom
como se previa. Os varejistas
partiram, então, para as promoções e parece que deu resultado", avalia Carlos Thadeu de
Freitas, economista da CNC
(Confederação Nacional do
Comércio).
Beneficiado pela redução dos
preços, o ramo de hiper, supermercados e demais lojas de alimentos viu suas vendas, em volume, crescerem 0,3% de dezembro para janeiro. Considerando só os supermercados, a
expansão foi maior: 0,6%. Trata-se de um dos poucos ramos
do varejo que se mostraram resistentes à crise e crescem continuamente desde agosto do
ano passado.
Outro setor com desempenho positivo é o de veículos.
Fora do índice do varejo por
vender também no atacado, o
setor apresentou uma expansão de 11,1% em suas vendas,
que já haviam crescido 4,2%
em dezembro, após registrar
queda em outubro e novembro.
As revendas dizem que o
bom desempenho perdurou
em fevereiro e março e se deve
à redução do IPI e à volta do
crédito à normalidade. "Os juros caíram, e o IPI mais baixo
ajudou. Com isso, as vendas interromperam uma trajetória
de queda, o que é muito positivo. Mas ainda estamos vendendo menos do que antes da crise", diz Sérgio Reze, presidente
da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Segundo Freitas, o comércio
sentiu com força o baque da
crise, mas a confiança do consumidor reagiu um pouco, o
crédito melhorou e os preços se
desaceleraram. Todos esses ingredientes, diz, impulsionaram
as vendas em janeiro.
"Mas não quer dizer que a
crise está encerrada. Ainda
existe muita incerteza. O comércio vai crescer, acredito, na
casa de 2% neste ano, num ritmo bem mais modesto [a expansão foi de 9,1% em 2008]",
avalia Freitas.
Dos grandes ramos do varejo, a queda mais acentuada ficou com equipamentos de informática e comunicações
-12,5% de dezembro para janeiro-, sob efeito da alta dos
custos do setor provocada pela
valorização cambial.
Também fora do índice do
varejo por vender no atacado, o
comércio da construção civil
viu seu volume de vendas cair
2,8% em janeiro, mantendo a
tendência contracionista dos
meses anteriores.
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