São Paulo, sábado, 14 de março de 2009

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Comércio reage após 3 meses de queda

Vendas do varejo cresceram 1,4% em janeiro em relação a dezembro e interromperam sequência de retração iniciada com a crise

Na opinião de especialistas, tendência se mantém no 1º trimestre, na esteira de promoções adotadas pelas lojas para desovar estoques

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Passado o susto do final de 2008 provocado pela crise, o comércio varejista vive uma fase de recuperação. Pelos dados do IBGE, as vendas do varejo cresceram 1,4% em janeiro em relação a dezembro na taxa com ajuste sazonal, interrompendo uma sequência de três meses de retração.
Foi ainda a maior expansão desde março de 2008 (1,5%) nessa base de comparação. Tal desempenho contrasta com as quedas de 0,4% em dezembro e 1,1% em novembro. Na comparação com janeiro de 2008, as vendas do comércio varejista avançaram 6%.
De acordo com setores e especialistas ouvidos pela Folha, os números indicam que a reação do comércio se manteve em fevereiro e nos primeiros dias de março, na esteira principalmente de promoções e preços mais baixos de alimentos e outros bens e serviços.
Para Reinaldo Pereira, economista do IBGE, o resultado de janeiro mostra uma melhora do desempenho do setor, propiciada pelas promoções realizadas em janeiro para desovar os estoques de Natal. Há ainda, diz, a influência positiva do recuo da inflação, principalmente de alimentos.
Diante de tal cenário, as vendas de móveis e eletrodomésticos subiram 7,1% de dezembro para janeiro. Já as de vestuário e calçados avançaram 2,2%. Em ambos os casos, o impulso veio das liquidações. "O comércio começou o ano muito estocado. O Natal não foi tão bom como se previa. Os varejistas partiram, então, para as promoções e parece que deu resultado", avalia Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Beneficiado pela redução dos preços, o ramo de hiper, supermercados e demais lojas de alimentos viu suas vendas, em volume, crescerem 0,3% de dezembro para janeiro. Considerando só os supermercados, a expansão foi maior: 0,6%. Trata-se de um dos poucos ramos do varejo que se mostraram resistentes à crise e crescem continuamente desde agosto do ano passado.
Outro setor com desempenho positivo é o de veículos. Fora do índice do varejo por vender também no atacado, o setor apresentou uma expansão de 11,1% em suas vendas, que já haviam crescido 4,2% em dezembro, após registrar queda em outubro e novembro.
As revendas dizem que o bom desempenho perdurou em fevereiro e março e se deve à redução do IPI e à volta do crédito à normalidade. "Os juros caíram, e o IPI mais baixo ajudou. Com isso, as vendas interromperam uma trajetória de queda, o que é muito positivo. Mas ainda estamos vendendo menos do que antes da crise", diz Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Segundo Freitas, o comércio sentiu com força o baque da crise, mas a confiança do consumidor reagiu um pouco, o crédito melhorou e os preços se desaceleraram. Todos esses ingredientes, diz, impulsionaram as vendas em janeiro.
"Mas não quer dizer que a crise está encerrada. Ainda existe muita incerteza. O comércio vai crescer, acredito, na casa de 2% neste ano, num ritmo bem mais modesto [a expansão foi de 9,1% em 2008]", avalia Freitas.
Dos grandes ramos do varejo, a queda mais acentuada ficou com equipamentos de informática e comunicações -12,5% de dezembro para janeiro-, sob efeito da alta dos custos do setor provocada pela valorização cambial.
Também fora do índice do varejo por vender no atacado, o comércio da construção civil viu seu volume de vendas cair 2,8% em janeiro, mantendo a tendência contracionista dos meses anteriores.


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