São Paulo, sábado, 14 de março de 2009

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Preso, Madoff "troca" cobertura de US$ 7 milhões por cela de 6 m2

Autor de fraudes de até US$ 65 bi deve esperar sentença dormindo em beliche

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No Centro de Correções de Manhattan, em Nova York, ele é o prisioneiro nº 61.727-054. Um dia após confessar uma das maiores fraudes financeiras da história, o ex-investidor Bernard Madoff, 70, acordou em uma cela de menos de 6 m2, com chão de linóleo e paredes de grossos blocos de cimento. Madoff deve dormir lá, sobre uma beliche, até que sua pena seja estabelecida, em audiência no dia 16 de junho.
Símbolo da "ambição desmesurada" de Wall Street -que, para muitos, é a responsável pela crise econômica global-, Madoff deve trocar o brunch dominical por mingau de aveia servido às 6h30. No almoço e no jantar, o cardápio costuma ter galinha assada e espaguete à bolonhesa, respectivamente. No lugar do golfe, o ex-investidor pode passar o tempo assistindo à TV na área de convivência, lendo na biblioteca da prisão ou jogando pingue-pongue.
O centro em que Madoff está abriga vários tipos de criminosos, e alguns dos famosos que passaram por lá recentemente são o terrorista Omar Abdel-Rahman e o financista fraudulento Raffaello Follieri.
Na última quinta, perante o tribunal, Madoff se declarou culpado em 11 acusações de fraude, lavagem de dinheiro e roubo e confirmou ter elaborado um esquema de pirâmide, hoje estimado em até US$ 65 bilhões, que causou perdas a quase 5.000 clientes. Na fraude, o dinheiro de novos investidores era usado para pagar aos mais antigos -os ganhos prometidos não existiam, de fato.
O financista estava em prisão domiciliar, em sua cobertura de US$ 7 milhões na ilha, desde 11 de dezembro. A punição máxima para cada um dos crimes admitidos soma 150 anos.

Fiança
Ontem, seus advogados entraram com um pedido na Justiça para que o financista permaneça em liberdade até que a sentença seja proferida. Segundo os advogados, Madoff colaborou com a Justiça desde sua prisão e não tem nenhuma intenção de fugir. O tribunal marcou audiência para o dia 19.
A lei americana exige que réu confesso aguarde a sentença na prisão, salvo em casos de provas claras de que não haja risco de fuga, disse o ex-promotor federal George Jackson. Na quinta, o juiz do caso avaliou temer que Madoff fugisse.


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