São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

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BC discute diversificar as reservas

Alto custo de manutenção e dólar em queda estimulam a recomposição

Mas banco diz que reservas altas significam capacidade de pagamento da dívida, o que melhora a percepção do risco brasileiro no exterior


DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central admite que a composição das reservas não faz mais sentido como instrumento para garantir o pagamentos de dívidas em moeda estrangeira e discute internamente a remodelação de sua composição.
Alguns fatores colocam em xeque a atual composição das reservas internacionais brasileiras: o alto custo para mantê-las com o baixo rendimento desses papéis, o risco cambial de depender do dólar em queda e mudanças recentes na economia internacional, como o ganho de importância do euro e o forte crescimento da China.
A discussão também aconteceu na China, que anunciou a criação de uma agência para administrar suas reservas, que somam US$ 1,2 trilhão. A idéia de Pequim era diversificar o risco e maximizar o retorno.
Ainda em janeiro, na casa de US$ 91 bilhões, as reservas pagavam quase 11 meses de importação, que somavam US$ 8,47 bilhões mensais. E cobriam 55,7% da dívida externa, que somava US$ 163,3 bilhões (pública e privada).
"Não há um consenso sobre o tamanho ideal das reservas. US$ 200 bilhões zeraria a dívida externa e ainda traria um colchão de US$ 30 bilhões para eventualidades", disse Alex Agostini, economista-chefe da Austin Asis.
Hoje, as reservas brasileiras somam US$ 111 bilhões, mas já desceram ao piso de US$ 28 bilhões em junho de 2000, após a crise que culminou na desvalorização do real em janeiro de 1999. Nos meses anteriores à desvalorização, o BC queimava as reservas para manter o dólar ao câmbio de R$ 1,21.
O Banco Central, no entanto, descarta se desfazer de parte das reservas internacionais. Argumenta que reservas altas significam capacidade de pagamento de sua dívida, o que melhora a percepção do risco brasileiro. "Não há como as agências de risco serem insensíveis ao crescimento das reservas. As agências vão levar em conta as reservas na avaliação de risco soberano", disse Octavio de Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco.


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