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Sem nota maior, Mantega vê agências "desmoralizadas"
Ministro da Fazenda irá pedir melhora da classificação de investimento do país durante encontro com agências em NY
Sobre escândalo no Banco Mundial, ministro brasileiro disse que é preciso ver se
Paul Wolfowitz continua tendo "condições morais"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Se não aumentarem a "nota"
que dão ao Brasil, as agências
internacionais classificadoras
de risco de investimento correm, elas próprias, o risco de ficar "desmoralizadas".
É o que diz o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para
quem tais agências já estão
"atrasadas" ao achar que o país
ainda não tem condições de ser
elevado à classificação "grau de
investimento".
Mantega, que passa o fim de
semana em Washington participando das reuniões de primavera do Banco Mundial (Bird) e
do Fundo Monetário Internacional (FMI), se reúne com a
diretoria de duas dessas agências na segunda-feira, em Nova
York. Vai pedir que a classificação brasileira seja melhorada.
"Vou sugerir que elas sejam
mais rápidas em avaliar os progressos do Brasil", disse.
As agências classificadoras
internacionais sinalizam para o
mercado global o grau de risco
que as empresas correm ao investir em determinado país.
A elevação do Brasil a "grau
de investimento" poderia resultar num fluxo maior de dinheiro estrangeiro e permitiria
a empresas brasileiras pegar dinheiro fora do país a taxas menores do que as atuais.
"Não sei se eles vão se influenciar pela minha conversa", disse Mantega, referindo-se aos diretores das agências
classificadoras. Mas eles "têm
de reconhecer" que o Brasil "ingressou na rota do crescimento
econômico", afirmou, "se não
vão ficar no mínimo desmoralizados."
Em entrevista à Folha na
terça-feira, o diretor-gerente
do FMI, Rodrigo de Rato, havia
dito que o Brasil será promovido de grau "muito em breve".
Instado a arriscar um prazo
ontem, Mantega recuou. "Prefiro não arriscar, porque depois
vocês vão me cobrar se eu errar", afirmou, para depois dizer: "Mais cedo ou mais tarde
[o grau de investimento] virá".
Sobre a declaração do diretor-gerente, Mantega disse que
concorda com sua avaliação e o
elogiou. O que não impede o
Brasil de levar adiante sua reivindicação de ter peso maior
nas decisões do Fundo, que
passa por uma reforma na divisão de poderes -o país é membro-sócio com pouca voz nos
votos; o maior acionista são os
Estados Unidos.
"A principal demanda do
Brasil é que seja reconhecida a
mudança da posição econômica de países emergentes", disse
ele. "O Brasil hoje tem o oitavo
PIB [Produto Interno Bruto]
mundial, levando em consideração a paridade do poder de
compra; então merece ter mais
cotas do que possui".
Críticas
Se foi elogioso a Rato, Mantega criticou o presidente do Banco Mundial. Um dos arquitetos
da Guerra do Iraque, Paul Wolfowitz passa por uma crise detonada pela acusação de favorecimento a sua namorada, empregada do banco, que pode
custar o emprego de ambos.
Cauteloso a princípio, dizendo ser uma questão de "foro íntimo" e que não caberia a ele
julgá-la, Mantega deixou escapar: "Por outro lado, é preciso
ver se Wolfowitz continua tendo, digamos, as condições morais para continuar exercendo
seu cargo".
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