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Petrobras reajusta gás natural em até 23%
Aumento para consumidor deve ser menor, de 3% no produto canalizado e de até 7% no GNV, dos carros, prevê Abegás
Gás brasileiro não sofria reajuste desde 2005, devido à "sobra" do produto; estatal quer agora definir política de aumentos trimestrais
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras anunciou um aumento de 20% a 23% no preço
do gás natural produzido no
Brasil que valerá a partir de
maio e já estuda uma fórmula
de trimestral de reajuste do
produto, disse à Folha o diretor de Gás e Energia da estatal,
Ildo Sauer.
Desde 2005, o gás brasileiro
não sofria reajuste -subiu
6,5% em setembro e 5% em novembro. De 2003 a 2005, os
preços ficaram inalterados para estimular o consumo, já que
"sobrava gás", segundo Sauer.
A idéia é retomar a fórmula de
correção trimestral dos preços
na medida que a Petrobras
consiga renovar os contratos
com as distribuidoras.
O reajuste afetará distribuidoras de gás canalizado em 12
Estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí, Goiás, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e parte de Minas Gerais e de
São Paulo.
Segundo o presidente de
Abegás (Associação Brasileira
das Distribuidoras de Gás Canalizado), Armando Laudorio,
o reajuste chegará a 3% para o
consumidor residencial de gás
encanado -o preço do botijão
de gás, que usa um insumo produzido em refinarias, não sofrerá aumento.
Os postos de combustível
que vendem GNV (Gás Natural
Veicular) receberão o produto
das distribuidoras de 15% a
16% mais caro e devem repassar um aumento de 5% a 7%
para os consumidores, segundo
Laudorio.
Para o setor industrial, o gás
natural sofrerá um reajuste
médio de 12,5%, mas o percentual vai variar de acordo com o
volume consumido. No comércio, a alta ficará em 3,5%.
Impostos e outros custos de
produção acabam por diluir o
reajustes ao consumidor, de
acordo com Laudorio.
São Paulo vive, porém, uma
situação diferenciada. É que a
Comgás, única distribuidora do
Estado que utiliza gás natural
brasileiro, tem apenas 20% do
seu consumo atrelado ao produto. Os outros 80% são supridos por gás boliviano.
Segundo Zevy Kann, diretor
da CSPE (Comissão de Serviços Públicos de Energia), o aumento para os clientes da
Comgás deve ser de, no máximo, 2% para industriais e postos de GNV (Gás Natural Veicular) e de 1% para os residenciais, considerando apenas o
reajuste anunciado pela Petrobras para o gás nacional.
É que existem outros custos,
como o do gás boliviano e a correção anual do contrato de concessão pelo IGP-M, segundo
Kann. Por ser concessionária, o
reajuste da Comgás é anual e
será fixado em 31 de maio.
Poderá amenizar o aumento
da Comgás o fato de o preço do
gás boliviano ter recuado 4,5%
em abril por causa da valorização do real, variável considerada na fórmula de ajuste.
Nova fórmula de aumento
Ildo Sauer, diretor da Petrobras, disse que a diretoria da
companhia aprovou o retorno
da fórmula de reajuste adotada
antes de 2003, cujos preços oscilavam de acordo com a cotação uma cesta de óleo combustíveis (substituto do gás). "Os
custos de produção de gás triplicaram, o que nos obrigou a
buscar um reequilíbrio."
Para Laudorio, o aumento
trimestral pressionará os preços do produto ao consumidor
e poderá retirar a competitividade do produto se não forem
alterados os preços de combustíveis alternativos como gasolina, gás de cozinha e óleo combustível (usado na indústria).
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