São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

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Petrobras reajusta gás natural em até 23%

Aumento para consumidor deve ser menor, de 3% no produto canalizado e de até 7% no GNV, dos carros, prevê Abegás

Gás brasileiro não sofria reajuste desde 2005, devido à "sobra" do produto; estatal quer agora definir política de aumentos trimestrais


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras anunciou um aumento de 20% a 23% no preço do gás natural produzido no Brasil que valerá a partir de maio e já estuda uma fórmula de trimestral de reajuste do produto, disse à Folha o diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer.
Desde 2005, o gás brasileiro não sofria reajuste -subiu 6,5% em setembro e 5% em novembro. De 2003 a 2005, os preços ficaram inalterados para estimular o consumo, já que "sobrava gás", segundo Sauer. A idéia é retomar a fórmula de correção trimestral dos preços na medida que a Petrobras consiga renovar os contratos com as distribuidoras.
O reajuste afetará distribuidoras de gás canalizado em 12 Estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí, Goiás, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e parte de Minas Gerais e de São Paulo.
Segundo o presidente de Abegás (Associação Brasileira das Distribuidoras de Gás Canalizado), Armando Laudorio, o reajuste chegará a 3% para o consumidor residencial de gás encanado -o preço do botijão de gás, que usa um insumo produzido em refinarias, não sofrerá aumento.
Os postos de combustível que vendem GNV (Gás Natural Veicular) receberão o produto das distribuidoras de 15% a 16% mais caro e devem repassar um aumento de 5% a 7% para os consumidores, segundo Laudorio.
Para o setor industrial, o gás natural sofrerá um reajuste médio de 12,5%, mas o percentual vai variar de acordo com o volume consumido. No comércio, a alta ficará em 3,5%.
Impostos e outros custos de produção acabam por diluir o reajustes ao consumidor, de acordo com Laudorio.
São Paulo vive, porém, uma situação diferenciada. É que a Comgás, única distribuidora do Estado que utiliza gás natural brasileiro, tem apenas 20% do seu consumo atrelado ao produto. Os outros 80% são supridos por gás boliviano.
Segundo Zevy Kann, diretor da CSPE (Comissão de Serviços Públicos de Energia), o aumento para os clientes da Comgás deve ser de, no máximo, 2% para industriais e postos de GNV (Gás Natural Veicular) e de 1% para os residenciais, considerando apenas o reajuste anunciado pela Petrobras para o gás nacional.
É que existem outros custos, como o do gás boliviano e a correção anual do contrato de concessão pelo IGP-M, segundo Kann. Por ser concessionária, o reajuste da Comgás é anual e será fixado em 31 de maio.
Poderá amenizar o aumento da Comgás o fato de o preço do gás boliviano ter recuado 4,5% em abril por causa da valorização do real, variável considerada na fórmula de ajuste.

Nova fórmula de aumento
Ildo Sauer, diretor da Petrobras, disse que a diretoria da companhia aprovou o retorno da fórmula de reajuste adotada antes de 2003, cujos preços oscilavam de acordo com a cotação uma cesta de óleo combustíveis (substituto do gás). "Os custos de produção de gás triplicaram, o que nos obrigou a buscar um reequilíbrio."
Para Laudorio, o aumento trimestral pressionará os preços do produto ao consumidor e poderá retirar a competitividade do produto se não forem alterados os preços de combustíveis alternativos como gasolina, gás de cozinha e óleo combustível (usado na indústria).


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