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Bolívia ameaça cortar envio de gás para Cuiabá
YPFB exige cláusula que a isenta de punições
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A Bolívia ameaça cortar o envio de gás natural a Cuiabá
(MT) na segunda-feira, caso a
empresa Pantanal Energia não
aceite uma cláusula que isenta
a estatal YPFB de assegurar o
cumprimento das metas de fornecimento previstas no contrato de compra e venda. O atual
acordo vence amanhã.
O mais novo impasse com a
Bolívia foi incluído na agenda
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva durante sua participação na Cúpula Energética da
Comunidade Sul-Americana
de Nações, na Venezuela, onde
ele deve se reunir com o presidente Evo Morales. O encontro
de dois dias começa justamente
na segunda-feira.
Ultimato
O ultimato foi dado pelo presidente da YPFB, Guillermo
Aruquipa, durante reunião realizada na quarta-feira em Santa
Cruz de la Sierra. Segundo a
Folha apurou, a reunião foi interrompida pelos representantes bolivianos depois que a empresa brasileira disse que não
aceitaria a cláusula quatro do
novo contrato.
De acordo com essa cláusula,
a YPFB poderá deixar de fornecer gás a Cuiabá sem nenhuma
punição caso seja necessário
desviar a produção para atender o consumo doméstico.
A Folha deixou vários recados no escritório do presidente
da Pantanal Energia, Carlos
Baldi, entre quinta-feira e ontem, mas ele não ligou de volta.
A estatal boliviana YPFB,
procurada sobre o impasse,
também não quis se manifestar
sobre o caso.
Pantanal Energia é empresa
privada à qual pertence a usina
termelétrica Mario Covas. Localizada em Cuiabá, tem ainda
como sócias as multinacionais
inglesas Shell e Ashmor. A termelétrica gera energia usando
gás natural boliviano e vende
para a estatal Furnas, que distribui ao mercado. A capacidade instalada é de 480 MW.
Durante a visita do presidente Evo Morales a Brasília, em
fevereiro, a termelétrica de
Cuiabá (MT) teve o gás reajustado em 253% - subiu de US$
1,19, preço bem abaixo do mercado, para US$ 4,20 por milhão
de BTU (medida de energia).
Na época, também foi acordado um aumento do preço do
gás vendido à Petrobras, cujo
valor ganhou um novo cálculo.
Em contrapartida, Morales
assegurou a Lula o fornecimento de gás ao Brasil, tanto
para o ramal que abastece o
centro-sul do país quanto para
o que segue para Cuiabá.
Na época, a avaliação do governo brasileiro era de que o
aumento no preço do gás comprado da Bolívia contribuiria
para a estabilidade do governo
Morales e melhoraria as relações com a Petrobras, que opera os maiores campos de exploração do combustível no país.
O ramal que abastece Cuiabá
opera de forma independente
ao gasoduto que abastece o
centro-sul do país, incluído São
Paulo, que tem um contrato de
fornecimento à parte gerada
pela Petrobras.
O volume destinado a Cuiabá
é de cerca de 2,8 milhões de
metros cúbicos diários, quase
todo destinado à termelétrica.
Já o gasoduto Brasil-Bolívia
transporta em média 26 milhões de metros cúbicos/dia.
Colaborou HUDSON CORRÊA ,
da Agência Folha, em Campo Grande
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