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Onda saudável acelera consumo de água
Segmento de água mineral cresce a taxas próximas a 10% ao ano e recebe impulso de versões com sabor ou funcionais
Para fabricantes, novos tipos da bebida servem como oportunidade para agregar valor a um nicho que tem margens apertadas
MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO
A onda da alimentação saudável tem impulsionado o consumo de água potável no Brasil.
Assim como no resto do mundo, as vendas de água mineral
ou variações no país crescem a
taxas superiores à da indústria
de bebidas como um todo.
O crescimento do mercado
doméstico, em volume, tem se
aproximado da casa de 10%
desde o início da década.
Estima-se que o segmento de
água mineral responda por um
terço da expansão da indústria
de bebidas no mundo. E esse
crescimento tem sido acelerado pelas novas águas com sabor
ou funcionais (com sais minerais, vitaminas, fibras etc.), que
agora são lançadas no país.
"O consumo crescente de
água engarrafada no Brasil tem
sido alavancada pela maior
consciência em questões relativas à saúde, especialmente entre as classes de maior renda.
Isso tem levado a uma mudança das bebidas carbonatadas
[refrigerantes] para a água",
disse à Folha Gary Roethenbaugh, diretor de pesquisa e
desenvolvimento da consultoria britânica Zenith International, especializada no ramo.
Enquete do Instituto Qualibest, por meio da internet, com
574 pessoas das classes A, B e C
revela que 43% dos entrevistados disseram que pretendem
consumir menos refrigerantes
com o lançamento das águas
com sabor. Esse número chega
a 51% dentro da classe A e a
54% entre aqueles que já experimentaram a nova bebida.
"[Esse movimento no Brasil]
contrasta com o de outros países, em que o crescimento do
consumo de água engarrafada
tem sido causado principalmente por necessidade [da bebida]", disse Roethenbaugh.
Para multinacionais que dominam o mercado mundial,
mas não exercem poder semelhante no país, o lançamento
da água com sabor é ainda
oportunidade de agregar valor
a um segmento pulverizado e
de margens apertadas.
"O mercado brasileiro de
água mineral começa a se desenvolver, mas ela continua
sendo considerada uma commodity, o que abre a oportunidade para a diferenciação tanto
em termos de produto quanto
de embalagem", afirmou Edson Ebizawa, diretor-geral da
Nestlé Waters no Brasil.
Em valores, as três marcas líderes no país detinham 27% de
participação no mercado em
2005 (último dado disponível),
segundo a ACNielsen. Em mercados desenvolvidos, como na
Europa, a participação das três
líderes supera os 50%.
Enquanto a concentração de
três marcas chegava a 40% em
áreas como a Grande São Paulo, não superava 15% em Estados como Minas Gerais e Rio
de Janeiro e na região Sul.
Para Roethenbaugh, a "principal explicação para "players"
como Coca-Cola e Nestlé terem participação de mercado
limitada no Brasil é justamente
o fato de existirem tantos engarrafadores, o que o torna
sensível ao fator preço".
"Nenhuma marca é totalmente nacionalizada no Brasil.
O custo do frete é muito elevado [para transportar a bebida
retirada de uma fonte a diferentes regiões]. Outra razão é
que o consumidor dá importância à procedência da água,
por isso existem marcas regionais fortes", diz Carlos Alberto
Lancia, presidente da Abinam
(Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais).
Analistas apontam a baixa
rentabilidade como uma das
razões principais para "múltis"
como Danone e PepsiCo não
atuarem no segmento de água
engarrafada no país.
A despeito das dificuldades,
o país é visto como um dos
mercados mais promissores.
Embora não apareça entre os
"top 15" em consumo per capita, é apontado um dos maiores
mercados do mundo em volume. Chega a figurar da quarta
até a décima posição de acordo
com o dado de referência.
Para o Grupo Edson Queiroz,
líder do mercado nacional com
as marcas Indaiá e Minalba, o
consumo está subestimado.
"Existem no Brasil centenas de
marcas absorvidas por uma demanda real e que não figuram
nas estatísticas oficiais por serem irregulares ou clandestinas", disse Fábio Fontenele,
gerente comercial do grupo para o segmento de água.
Outra ressalva é a existência
de água consumida da torneira
ou de filtros, que não entram
nos dados de consumo. A pesquisa da Qualibest apontou que
quase metade (48%) dos entrevistados revelou beber água
com essa procedência.
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