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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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CRISE NO AR

Linha de crédito é antecipação do US$ 1 bi que o banco injetará na nova empresa com a TAM

BNDES vai liberar US$ 120 mi à Varig

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve liberar nos próximos dias uma linha de crédito de US$ 120 milhões à Varig, segundo a Folha apurou ontem. O dinheiro é uma antecipação do US$ 1 bilhão que o banco injetará na nova empresa que surgir da fusão Varig/TAM.
Em troca dos US$ 120 milhões, o governo exigirá da Fundação Ruben Berta, dona da Varig, uma carta de compromisso de irreversibilidade do processo de fusão com a TAM. A Folha apurou que a carta está em fase de elaboração.
A Varig precisa do dinheiro agora para tocar suas operações até setembro, mês previsto para a fusão. O BNDES não liberará diretamente os US$ 120 milhões, mas será avalista de um processo de alongamento das dívidas da companhia aérea com o Banco do Brasil e a BR Distribuidora.

No sufoco
A Varig deve cerca de R$ 440 milhões às duas empresas. A companhia passa por forte aperto nas contas de curto prazo. A BR Distribuidora saca todo mês das contas da Varig R$ 4 milhões, referentes a uma dívida atrasada de R$ 140 milhões. Além disso, financia no máximo em dez dias os R$ 5,6 milhões que a Varig consome por dia em combustível. Antes da crise no setor, a BR Distribuidora dava prazo de 20 dias.
O BB também faz saques das contas da Varig para cobrar os US$ 100 milhões (ou R$ 300 milhões) que a companhia lhe deve.
Os saques têm provocado sérios problemas à empresa, que deve parte dos ordenados de março, abril e 13º salário a funcionários.
O novo presidente da Varig, Roberto Macedo, disse que a empresa precisa de uma solução imediata para operar. "Precisamos a curtíssimo prazo dar fôlego ao caixa para garantir definitivamente nossas operações", disse Macedo.
A Folha apurou que o ministro da Defesa, José Viegas, está prestes a autorizar a liberação do dinheiro pelo BNDES. Quer, porém, a carta de compromisso de irreversibilidade do processo de fusão porque teme que a Varig desista dele no meio do caminho.
A assessoria do Ministério da Defesa não confirmou nem desmentiu que a liberação do dinheiro esteja para ser dada. Segundo ela, existe um processo de conversas sobre a fusão.
Segundo Macedo, a Varig "trabalha para encerrar o problema de caixa até o final da semana". Ele negou que o governo esteja exigindo a assinatura de uma carta de irreversibilidade. "Não é preciso. A fusão acontecerá."
O projeto prevê que a Varig fique com 5% da nova empresa, a TAM, com 35%, os credores estatais, 40%, e os estrangeiros, 20%. Os percentuais podem mudar ao longo dos entendimentos.
O BNDES deve injetar um total de US$ 1 bilhão em debêntures na nova empresa, que depois de dois anos poderiam ser conversíveis em ações -o que tornaria a Varig uma empresa estatal. A Comissão de Transporte e Viação da Câmara dos Deputados aprovou o envio de cartas aos ministros José Dirceu (Casa Civil) e José Viegas (Defesa) e ao presidente do BNDES, Carlos Lessa, contra a fusão Varig/TAM. Para a comissão, a fusão é prejudicial à Varig.


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