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CRISE NO AR
Linha de crédito é antecipação do US$ 1 bi que o banco injetará na nova empresa com a TAM
BNDES vai liberar US$ 120 mi à Varig
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) deve liberar nos próximos
dias uma linha de crédito de US$
120 milhões à Varig, segundo a
Folha apurou ontem. O dinheiro
é uma antecipação do US$ 1 bilhão que o banco injetará na nova
empresa que surgir da fusão Varig/TAM.
Em troca dos US$ 120 milhões,
o governo exigirá da Fundação
Ruben Berta, dona da Varig, uma
carta de compromisso de irreversibilidade do processo de fusão
com a TAM. A Folha apurou que
a carta está em fase de elaboração.
A Varig precisa do dinheiro
agora para tocar suas operações
até setembro, mês previsto para a
fusão. O BNDES não liberará diretamente os US$ 120 milhões,
mas será avalista de um processo
de alongamento das dívidas da
companhia aérea com o Banco do
Brasil e a BR Distribuidora.
No sufoco
A Varig deve cerca de R$ 440
milhões às duas empresas. A
companhia passa por forte aperto
nas contas de curto prazo. A BR
Distribuidora saca todo mês das
contas da Varig R$ 4 milhões, referentes a uma dívida atrasada de
R$ 140 milhões. Além disso, financia no máximo em dez dias os
R$ 5,6 milhões que a Varig consome por dia em combustível. Antes
da crise no setor, a BR Distribuidora dava prazo de 20 dias.
O BB também faz saques das
contas da Varig para cobrar os
US$ 100 milhões (ou R$ 300 milhões) que a companhia lhe deve.
Os saques têm provocado sérios
problemas à empresa, que deve
parte dos ordenados de março,
abril e 13º salário a funcionários.
O novo presidente da Varig, Roberto Macedo, disse que a empresa precisa de uma solução imediata para operar. "Precisamos a curtíssimo prazo dar fôlego ao caixa
para garantir definitivamente
nossas operações", disse Macedo.
A Folha apurou que o ministro
da Defesa, José Viegas, está prestes a autorizar a liberação do dinheiro pelo BNDES. Quer, porém, a carta de compromisso de
irreversibilidade do processo de
fusão porque teme que a Varig
desista dele no meio do caminho.
A assessoria do Ministério da
Defesa não confirmou nem desmentiu que a liberação do dinheiro esteja para ser dada. Segundo
ela, existe um processo de conversas sobre a fusão.
Segundo Macedo, a Varig "trabalha para encerrar o problema
de caixa até o final da semana".
Ele negou que o governo esteja
exigindo a assinatura de uma carta de irreversibilidade. "Não é
preciso. A fusão acontecerá."
O projeto prevê que a Varig fique com 5% da nova empresa, a
TAM, com 35%, os credores estatais, 40%, e os estrangeiros, 20%.
Os percentuais podem mudar ao
longo dos entendimentos.
O BNDES deve injetar um total
de US$ 1 bilhão em debêntures na
nova empresa, que depois de dois
anos poderiam ser conversíveis
em ações -o que tornaria a Varig
uma empresa estatal. A Comissão
de Transporte e Viação da Câmara dos Deputados aprovou o envio de cartas aos ministros José
Dirceu (Casa Civil) e José Viegas
(Defesa) e ao presidente do
BNDES, Carlos Lessa, contra a fusão Varig/TAM. Para a comissão,
a fusão é prejudicial à Varig.
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