São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Bolsa segue exterior e cai 2,1%; perda no ano é de 1,8%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado acionário voltou a sofrer ontem, em mais um dia ruim para os investimentos financeiros em diferentes partes do mundo. A Bolsa de Valores de São Paulo perdeu mais 2,11% e entrou no vermelho no acumulado do ano.
Ontem foi divulgado nos Estados Unidos o PPI (índice de preços no atacado, na sigla em inglês). O núcleo do índice -calculado descontando as variações de preços de alimentos e energia- não agradou, ficando um pouco acima das expectativas dos analistas. O núcleo marcou 0,3% em maio, contra as projeções de alta de 0,2%.
O dado acabou por empurrar as Bolsas mundiais um pouco mais para baixo. Nos EUA, o Dow Jones, principal índice de Nova York, caiu 0,8% e também entrou no vermelho no ano (-0,11%). A Bolsa eletrônica Nasdaq perdeu 0,9%.
Hoje será conhecido o índice de maio dos preços ao consumidor norte-americano, conhecido como CPI. Também será divulgado nos EUA o Livro Bege, documento do Fed (banco central dos EUA) sobre a economia americana. O dia promete ser tenso.
"Os relatórios das instituições financeiras têm mantido o tema das últimas semanas, de aumento na inflação e desaceleração do crescimento nos EUA. E nada disso é bom para o mercado de ações", disse Todd Clark, diretor da Nollenberg Capital Partners, à Reuters.
A Bovespa encerrou seu pregão de ontem duas horas antes do normal, devido ao jogo do Brasil na Copa. Mesmo assim, não evitou sua sexta queda no mês. No ano, a Bolsa está com baixa de 1,82%. No mês, a queda é de 10,08%.
O recuo no preço do barril de petróleo ontem fez as ações preferenciais da Petrobras caírem 3,94%. Como o papel foi o mais negociado do pregão, com 18% das transações totais, foi fundamental para o mau desempenho da Bovespa.
O mercado global, há um mês, tem sofrido com as especulações e as incertezas que envolvem o futuro dos juros nos EUA e o aquecimento da maior economia do mundo.
Ontem as Bolsas asiáticas e do Leste Europeu, que haviam tido uma segunda-feira menos ruim, tiveram importantes perdas. Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 4,14%. Na Rússia, a Bolsa perdeu mais de 9%.
Na Índia, as perdas da Bolsa alcançaram 4,4%, e em Hong Kong, 2,5%. O mercado acionário de Londres fechou com baixa de 1,8%.

Risco maior
Os títulos da dívida de países emergentes foram alvo de fortes vendas no mercado internacional ontem. Com isso, o risco-país deles subiu.
O risco brasileiro teve alta de 3,37%, indo a 276 pontos. O da Turquia teve elevação de 4,78%, o russo de 4,65%, e o mexicano subiu 3,25%.
A alta do risco acontece quando os investidores vendem títulos da dívida do país, pois o indicador é calculado a partir da oscilação dos preços desses papéis. Nas últimas semanas, os riscos têm subido mais devido ao temor de elevações bruscas nos juros nos EUA do que por resultados e perspectivas negativas em relação às economias emergentes.
O que os grandes investidores têm feito é vender títulos de emergentes para comprar papéis do Tesouro norte-americano.
No mercado de câmbio brasileiro, o dólar voltou a subir ontem. A alta de 0,91% levou a moeda a R$ 2,311 -maior valor desde o fim de maio.
A BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) voltou a registrar alta nos contratos de juros.
Com a piora do mercado internacional dia a dia, parecem ficar mais distante as chances de a taxa básica de juros da economia, a Selic, seguir em queda. Hoje a Selic está em 15,25% ao ano. O contrato de juros mais negociado, que vence em janeiro de 2008, fechou ontem com taxa de 15,99%, ante 15,86% do pregão de segunda-feira.


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