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São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2003

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INTEGRAÇÃO

Lula sugere repasse de recursos para países pobres

Para presidente, Brasil pode optar pela OMC se a Alca não der certo

DE LONDRES

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem que o Brasil poderá optar por negociar na OMC (Organização Mundial do Comércio) se não conseguir um acordo satisfatório para a criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Ele também apresentou proposta para que a Alca inclua mecanismos de repasse de recursos dos países mais ricos -no caso, os Estados Unidos- para os mais pobres -como ocorre na União Européia.
"O Brasil quer igualdade na negociação da Alca e, se não der certo, vamos para a OMC", disse o presidente em entrevista à BBC, ontem de manhã. "Por isso defendo a união dos países da América do Sul em torno do Mercosul."
Ele disse também que "qualquer negociador que for um negociador de cabeça baixa não será respeitado" e que quer "uma negociação paritária na Alca".
No início da tarde, Lula participou do "Simpósio Público" da conferência de governança progressista, com sete governantes, inclusive o organizador da reunião, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair.

Novo Plano Marshall
Durante o simpósio, o presidente apresentou a idéia de um novo "Plano Marshall" -referência ao projeto de reconstrução da Europa destruída pela Segunda Guerra Mundial e financiado pelos Estados Unidos.
A sua proposta passa pela criação de um fundo de recursos dos países mais ricos para o financiamento de projetos de infra-estrutura e desenvolvimento nos mais pobres.
Lula já tinha feito a proposta de um fundo multilateral de financiamento em seu encontro com o primeiro-ministro britânico, no fim da manhã de ontem.
Segundo o porta-voz da Presidência da República, André Singer, Blair considerou a proposta interessante e que é algo a ser estudado.
No plenário da reunião da governança progressista, o presidente citou o caso da América Latina, em que "o discurso de integração tem sido só palavras". Isso porque o "Brasil faz fronteira com 9 dos 11 países, mas não tem estradas ou pontes ou vôos" para que possa haver uma ligação efetiva dos países da região.
Lembrou que não existem vôos diretos do Brasil para África do Sul ou para Angola. "Como vamos ter integração se alguém para ir de Angola ao Brasil tem de passar por Paris? Então faz negócio em Paris", disse. (MLA)


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