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VIZINHOS EM CRISE
Reuniões devem incluir itens como têxteis, carnes e automóveis
Países iniciam negociações
hoje com pauta ampliada
DE BUENOS AIRES
Governos e empresários argentinos e brasileiros iniciam hoje,
em Buenos Aires, as negociações
sobre as barreiras da Argentina a
produtos do Brasil. Mas na pauta
das reuniões não estarão somente
o comércio de eletroeletrônicos.
Os dois países vão discutir nas
próximas semanas o comércio de
carnes, de frango, de têxteis, de
máquinas agrícolas, de automóveis e até a circulação de caminhões brasileiros em territórios
argentino. Esse último tema, porém, deverá ficar a cargo dos ministros. Na semana que vem, será
a vez de o ministro argentino da
Economia, Roberto Lavagna, receber o ministro Luiz Fernando
Furlan (Desenvolvimento).
Será neste encontro que os governos vão tratar da questão de
fundo. Os argentinos querem que
o Brasil reserve suas políticas de
incentivo à exportação para fora
do Mercosul.
Na semana passada, Lavagna
avisou que pretende adotar mecanismos para controlar o comércio
com o Brasil se governo e empresários não chegarem a um acordo.
Furlan, por sua vez, insinuou na
semana passada, em Puerto Iguazú, que o Brasil tem quatro medidas preparadas contra a Argentina. Segundo ele, adotá-las ou não
é questão de tomar a decisão dentro do governo. Ontem, o jornal
argentino "Âmbito Financeiro"
dizia que os alvos do Brasil são
grãos, lácteos, cebola e farinha.
Enquanto os governos não chegam a um acordo sobre suas políticas industriais, o controle terá de
ser feito por restrições ao comércio. As indústrias argentinas de
geladeiras, fogões e máquinas de
lavar vão pedir que o Brasil reduza suas exportações à metade, segundo empresários argentinos.
Caminhões
Uma fonte do governo argentino confirmou à Folha que a Argentina quer reciprocidade do
Brasil por deixar que caminhões
com produtos brasileiros atravessem o país para chegar ao Chile.
Segundo essa fonte, o Brasil paga
para usar estradas no Uruguai. A
argentina também quer compensações.
No caso dos eletroeletrônicos,
Lavagna já confirmou que vai regulamentar a medida que adota
licenças prévias para a importação de produtos da linha branca
do Brasil, se não houver acordo.
A Argentina também anunciou
que vai adotar tarifas de 21% para
a importações de TVs. O governo
aguarda o fim das negociações
com o Brasil antes de publicar, ou
não, a medida no Diário Oficial.
"Não vamos tratar somente dos
temas atuais, mas também os que
serão discutidos mais adiante. Temos que discutir a questão dos
automóveis", disse o Lavagna ao
jornal "Clarín".
(CLÁUDIA DIANNI)
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