São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2004

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VIZINHOS EM CRISE

Reuniões devem incluir itens como têxteis, carnes e automóveis

Países iniciam negociações hoje com pauta ampliada

DE BUENOS AIRES

Governos e empresários argentinos e brasileiros iniciam hoje, em Buenos Aires, as negociações sobre as barreiras da Argentina a produtos do Brasil. Mas na pauta das reuniões não estarão somente o comércio de eletroeletrônicos.
Os dois países vão discutir nas próximas semanas o comércio de carnes, de frango, de têxteis, de máquinas agrícolas, de automóveis e até a circulação de caminhões brasileiros em territórios argentino. Esse último tema, porém, deverá ficar a cargo dos ministros. Na semana que vem, será a vez de o ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna, receber o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).
Será neste encontro que os governos vão tratar da questão de fundo. Os argentinos querem que o Brasil reserve suas políticas de incentivo à exportação para fora do Mercosul.
Na semana passada, Lavagna avisou que pretende adotar mecanismos para controlar o comércio com o Brasil se governo e empresários não chegarem a um acordo.
Furlan, por sua vez, insinuou na semana passada, em Puerto Iguazú, que o Brasil tem quatro medidas preparadas contra a Argentina. Segundo ele, adotá-las ou não é questão de tomar a decisão dentro do governo. Ontem, o jornal argentino "Âmbito Financeiro" dizia que os alvos do Brasil são grãos, lácteos, cebola e farinha.
Enquanto os governos não chegam a um acordo sobre suas políticas industriais, o controle terá de ser feito por restrições ao comércio. As indústrias argentinas de geladeiras, fogões e máquinas de lavar vão pedir que o Brasil reduza suas exportações à metade, segundo empresários argentinos.

Caminhões
Uma fonte do governo argentino confirmou à Folha que a Argentina quer reciprocidade do Brasil por deixar que caminhões com produtos brasileiros atravessem o país para chegar ao Chile. Segundo essa fonte, o Brasil paga para usar estradas no Uruguai. A argentina também quer compensações.
No caso dos eletroeletrônicos, Lavagna já confirmou que vai regulamentar a medida que adota licenças prévias para a importação de produtos da linha branca do Brasil, se não houver acordo.
A Argentina também anunciou que vai adotar tarifas de 21% para a importações de TVs. O governo aguarda o fim das negociações com o Brasil antes de publicar, ou não, a medida no Diário Oficial.
"Não vamos tratar somente dos temas atuais, mas também os que serão discutidos mais adiante. Temos que discutir a questão dos automóveis", disse o Lavagna ao jornal "Clarín". (CLÁUDIA DIANNI)


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