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OAB-SP vê operação da Polícia Federal na Daslu com "ressalvas"
DA REPORTAGEM LOCAL
A OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) afirmou ter visto
com ressalvas a operação da Polícia Federal na Daslu, que envolveu a decretação da prisão temporária da empresária Eliana Tranchesi, sócia da butique.
"Diante do que a lei determina,
o Estado tem vários mecanismos
para buscar o tributo que lhe é devido, sem a necessidade de, a
priori, fazer uma megaoperação
ou de pedir prisão, que só deve
ocorrer em casos excepcionais",
diz Luiz Flávio D'Urso, presidente
da OAB-SP e criminalista.
Para o jurista Dalmo Dallari,
professor aposentado da USP,
não houve excessos no caso. "Foi
uma ação normal, sem nenhuma
violência e sem desobediência a
nenhuma norma limitadora. Nesses casos, a ação da polícia tem de
ser fulminante. Não dá para pedir
esclarecimentos e dar a chance da
eliminação de provas", afirmou
Dallari, que também é vice-presidente da Associação dos Moradores da Vila Nova Conceição. A entidade tentou, durante vários
anos, impedir a permanência da
Daslu em ruas residenciais do
bairro por considerá-la ilegal.
Dallari, que atribui a dificuldade
de tirar a Daslu do bairro a relações pessoais entre a dona da loja
e a ex-prefeita Marta Suplicy, usa
o mesmo argumento para, agora,
afirmar que não houve intenção
política na ação da Polícia Federal. "Foi uma ação de rotina."
Quando prefeita, Marta sempre
negou que houvesse qualquer privilégio concedido à Daslu.
Na avaliação de Tales Castelo
Branco, presidente da Instituto de
Advogados de São Paulo, há falhas no processo de apuração que
precisam ser evitadas. Ele cita, por
exemplo, o fato de os mandados
de buscam serem, cada vez mais,
menos específicos. "Os mandados têm de especificar o que é preciso ser apurado no local. Se são
computadores, documentos. Se
ficar muito vago, aí é que o abuso
pode ser cometido."
Abusos e sensacionalismo
A questão do possível excesso
nas ações policiais tem sido debatida com mais freqüência nas últimas semanas, depois da operação
de investigação de sonegação no
caso da cervejaria Schincariol.
No mês passado, uma ação da
Polícia Federal em 12 Estados
prendeu nove diretores da empresa. A operação, que teve 134
mandados de busca e apreensão e
77 de prisão, foi duramente criticada pelos especialistas em direito. A força-tarefa mobilizou 180
funcionários da Receita Federal e
mais de 600 policiais. Advogados
criminalistas e a própria OAB disseram considerar a operação
"exagerada" e "sensacionalista".
No caso da Daslu, participaram
da operação 250 policiais em dois
Estados apenas. Eliana Tranchesi,
proprietária da Daslu, diferentemente do ocorrido com o dono da
Schin, Adriano Schincariol, não
apareceu algemada em imagens
veiculadas ontem na TV.
Segundo apurou a Folha, Eliana
teria demorado cerca de 30 minutos até receber em sua casa os policiais, que ficaram em seu aguardo. Não houve invasão. No caso
Schincariol, policiais ameaçaram
usar bombas de gás lacrimogêneo
se as portas principais da casa de
Adriano não fossem abertas rapidamente. A PF nega que tenha havido abusos.
(AM e BL)
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