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LIGAÇÕES PERIGOSAS
Italianos, porém, reafirmam que foram procurados para negociar venda do controle da Brasil Telecom
Telemar nega contato com Telecom Italia
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Telemar negou ontem ter entrado em contato com a Telecom
Italia para comprar a Brasil Telecom. "Não é verdade que o grupo
Telemar tenha procurado, em algum momento, a Telecom Italia
para fazer qualquer oferta visando adquirir o controle da Brasil
Telecom", afirmou nota divulgada à imprensa. "O senhor Paolo
Dal Pino [presidente da Telecom
Italia] deveria vir a público para
esclarecer quem do grupo Telemar o procurou, em que dia, em
que hora e lugar."
A Telecom Italia aceitou o desafio. Também por meio de nota
oficial afirmou ter sido "procurada na semana passada pelo acionista da Telemar Sérgio Andrade,
afirmando falar em nome dos demais acionistas do controle da
empresa, para fazer uma proposta de compra da Telecom Italia na
Brasil Telecom".
Procurada para comentar o desmentido da Telecom Italia, a Telemar disse, por meio de sua assessoria, que mantinha o que havia
dito na nota.
"O conturbado processo de disputa pelo controle da Brasil Telecom, do qual a Telecom Italia participa, tem sido uma luta sem
quartel", afirmou a Telemar. "Esse episódio, do qual a Telemar e
seus controladores e executivos
não participaram ou participam,
em nada dignifica o mundo empresarial", completou.
Ontem, a Folha publicou entrevista com o presidente da Telecom Italia no Brasil, Paolo Dal Pino. Segundo ele, a Telemar havia
demonstrado interesse na compra da Brasil Telecom. O executivo afirmou ter ficado surpreso
com o contato porque, pela lei
brasileira, uma empresa não pode
participar do controle de duas
concessionárias de telefonia simultaneamente. Para ele, tudo indica que há uma reestatização da
Brasil Telecom em curso.
Antes da publicação, a Telemar
e os demais acionistas da Brasil
Telecom preferiram não se manifestar sobre as afirmações feitas
por Paolo Dal Pino.
A Telemar é a operadora de telefonia fixa que cuida das regiões
Sudeste e Nordeste. Boa parte de
seu capital (25%) pertence ao governo, via BNDESPar. Outros
19,9% estão divididos entre um
grupo de fundos de pensão - inclusive os grandes, ligados a estatais, como Previ (Banco do Brasil)
e Petros (Petrobras). Fazem parte
do grupo também a construtora
Andrade Gutierrez, o GP, o La
Fonte e o Opportunity.
Já a Brasil Telecom é a concessionária de telefonia fixa que atende o Centro-Oeste e o Norte. A
empresa está dividida entre fundos de pensão, Citigroup, Opportunity e Telecom Italia.
Detalhe
Segundo a nota da Telecom Italia, "no detalhe", Sérgio Andrade
teria procurado o deputado Delfim Netto (PP-SP). Queria um
contato para chegar à Telecom
Italia. O texto não explica se conseguiu. Diz apenas que Andrade
ligou três vezes para o presidente
mundial da Telecom Italia, Marco
Tronchetti Provera, para falar sobre a Brasil Telecom.
"Dr. Marco Tronchetti Provera
recusou-se a se encontrar com o
sr. Sérgio Andrade", diz a nota.
Além disso, o texto sustenta que
representantes dos acionistas da
Telemar também entraram em
contato com o "advisor" da Telecom Italia na operação Brasil Telecom, o banco JP Morgan.
A Folha não conseguiu falar
com o deputado Delfim Netto,
nem com o banco JP Morgan.
Estrangeiro
Outro ponto de embate entre as
operadoras foi um trecho da nota
emitida pela Telemar, considerado estranho pela Telecom Italia.
"As afirmações do senhor Paolo
Dal Pino são graves porque contestam o modelo de privatização
que o Brasil adotou há anos com
tanto sucesso. Mais graves ainda
por partirem de um estrangeiro.
Sua atitude, portanto, é irresponsável e se constitui em um desserviço ao nosso país", afirmava a
nota da Telemar.
Para a Telecom Italia, a redação
"demonstra desprezo pelos investimentos estrangeiros feitos no
país".
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