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Especialista vê defasagem de 14% no preço da gasolina
Reajuste não deve ocorrer no curto prazo em razão das eleições, afirma analista
Aumento do combustível
não acontece desde
novembro de 2005, apesar
da valorização do petróleo
no mercado internacional
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os problemas no Oriente
Médio são ótima desculpa para
a especulação correr no mercado financeiro ao longo dos próximos dias, mas dificilmente
será percebida pelo consumidor brasileiro, devido à política
de preços praticada pela Petrobras. A opinião é do presidente
do CBIE (Centro Brasileiro de
Infra-Estrutura), Adriano Pires, especialista no setor.
"Está havendo certo populismo da parte da Petrobras", disse. "Desde novembro do ano
passado, não há aumento no
preço do óleo e da gasolina, e o
gás de cozinha não sobe desde
que o atual governo assumiu,
em 2003", lembrou Pires.
Para ele, o preço desses produtos deveria ter sido reajustado. Não o foi porque a Petrobras tem feito compensações,
ao elevar o valor de outros derivados de petróleo.
"Aumento da gasolina rende
primeira página de jornal, afeta
a imagem do governo. Em ano
de eleição, isso não seria bom
para ele", ponderou. Além disso, observou o presidente do
CBIE, gasolina e óleo diesel
têm impacto direto maior nos
índices de inflação do que os
outros derivados.
Pires não acredita que, por
conta do cenário internacional
desfavorável, a Petrobras vá
realizar grandes ajustes agora
-embora devesse, sustentou.
"A inflação está bem controlada, e os preços estão muito defasados, permitindo um ou dois
pontos percentuais de aumento sem interferir negativamente na macroeconomia", disse.
Procurada ontem, a Petrobras não se pronunciou sobre
eventuais aumentos de preço.
Nos cálculos do CBIE, o valor
da gasolina no mercado interno
está defasado em 14% quando
comparado aos preços médios
apurados no mercado internacional. Quanto ao diesel, a diferença é ainda maior, de 16%.
A explicação para a importância das oscilações do valor
do petróleo na economia mundial é simples. Os países estão
cada vez mais industrializados
e, portanto, precisam de petróleo para garantir o fornecimento de energia. Assim, a demanda pelo produto aumenta de
maneira mais rápida que a oferta, uma vez que o petróleo é um
recurso natural. Aumentar a
capacidade de extração, além
de fatores geológicos, depende
de investimento.
Oferta menor
Hoje, o consumo médio
mundial é de 85 milhões de
barris de petróleo por dia, ante
uma oferta de 84 milhões. Ou
seja, diariamente há defasagem
de 1 milhão de barris, o que permite às nações produtoras fixar
um alto preço pela mercadoria.
No mercado financeiro, a especulação acontece porque os
investidores aplicam pesado no
mercado futuro de commodities (produtos primários). Em
dias como ontem, quando o
preço deu um salto, aumenta a
procura por papéis atrelados ao
petróleo. Quem apostou na alta
do produto há algum tempo pôde vender com a demanda
aquecida e, portanto, lucrou.
Desde o 11 de Setembro, essa
dinâmica ganhou fermento.
Analistas ouvidos pela Folha
acreditam que a situação entre
Líbia e Israel seja um fator
alarmante para a geopolítica do
Oriente Médio, principal região de extração do petróleo.
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