São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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Petrobras diz que mantém valor de gás

Estatal afirma que valor do produto boliviano, recentemente reajustado, acompanha mercado mundial

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras ignorou a proposta da estatal boliviana YPFB de alterar o preço de referência para o gás exportado ao Brasil para US$ 5 o milhão de BTU e reiterou sua posição de só aceitar reajustes dentro das regras estabelecidas no contrato de fornecimento do insumo.
Em nota, a Petrobras afirmou que "expôs que os preços praticados pela YPFB receberam reajustes contínuos e acompanharam o mercado internacional, e que, portanto, não há necessidade de revisão do procedimento de cálculo desses reajustes". A estatal aguarda até o final do mês uma posição da YPFB.
Para a Petrobras, não houve nenhum fato que tenha afetado o equilíbrio econômico-financeiro do contrato que possa "comprometer as bases acordadas e prejudicar a YPFB".
Ontem, foi encerrada mais uma rodada de negociações, em reunião entre técnicos das duas companhias na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra.
Anteontem, o presidente da YPFB, Jorge Alvarado, disse ter apresentado proposta para o aumento do gás natural vendido à Petrobras durante a reunião que se encerrou ontem. Ele afirmou que uma "nova fórmula" estabeleceu que "o preço do gás será agora de US$ 5 por milhão de BTU".
Depois do reajuste trimestral estabelecido no contrato que passou a valer na virada deste mês, o preço do produto passou para US$ 3,7 ou US$ 4,6 por milhão de BTU, dependendo do volume importado.
Em entrevista à Folha, o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, disse, porém, que não havia sido apresentada nenhuma proposta de alteração de preço pela YPFB até o início da tarde de ontem e que a posição da Petrobras continuava a ser a de só aceitar reajustes estabelecidos pelo contrato.
De acordo com o contrato, os aumentos são trimestrais e definidos pela variação de uma cesta de óleos combustíveis (derivado de petróleo substituto do gás), cujos preços são referenciados no mercado internacional.
No final deste mês, representantes das duas estatais voltarão a se reunir, em mais uma tentativa para evitar que o impasse sobre o preço do gás tenha que ser decidido nos tribunais de Nova York.
O contrato prevê inicialmente uma negociação direta entre os envolvidas no caso de pleito para a revisão dos preços. Caso não haja uma solução, a questão passa a Justiça de Nova York, foro estabelecido no contrato. Foi a Bolívia que pediu a revisão.
A nova rodada de reuniões acontecerá na semana entre os dias 24 e 28, no Rio de Janeiro, quando a YPFB apresentará sua posição com relação à argumentação da Petrobras.
A Bolívia vem ameaçando subir o preço do gás acima do que estabelece o contrato desde maio, quando o governo nacionalizou os recursos naturais, refinarias e distribuidoras de combustível.


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