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Uruguai tem vitória na "guerra das papeleiras"
Corte de Haia rejeita pleito argentino para que construção de indústrias na fronteira fosse interrompida
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
Em sua primeira decisão na
"crise das papeleiras", o Tribunal Internacional de Haia negou ontem o pedido argentino
de paralisar a construção de
duas fábricas de pasta de celulose no Uruguai. O governo Tabaré Vázquez evitou comemorar a notícia, que classificou como "oportunidade para o entendimento" com a Argentina.
Por 14 votos contra 1, o tribunal rejeitou o argumento conforme o qual as obras das indústrias -a finlandesa Botnia e
a espanhola Ence- representam "risco iminente" de contaminação ambiental. As plantas
estão sendo construídas às
margens do rio Uruguai, na
fronteira dos países e de águas
de uso compartilhado. Devem
começar a operar em dois anos.
Derrotada, a chancelaria argentina frisou que, na decisão, a
corte internacional abriu possibilidade de a Argentina reapresentar o pedido de interrupção
das obras ao longo do processo,
que pode levar quatro anos.
O governo Kirchner levou o
caso a Haia em maio, depois do
fracasso das negociações e sob
pressão de ambientalistas e
moradores da cidade de Gualeguaychú, na fronteira.
Os protestos argentinos fecharam a principal passagem
ao Uruguai por mais 80 dias,
causando prejuízos de US$ 400
milhões, segundo o governo
Vázquez, e só terminaram com
o anúncio do governo de que
recorreria a Haia.
O temor uruguaio é que, com
a decisão, os ambientalistas de
Gualeguaychú voltem aos bloqueios -pelos quais o governo
Vázquez já pediu que a Argentina seja punida no âmbito do
Mercosul. Os moradores e ambientalistas da cidade decidiriam ainda na noite de ontem,
em assembléia, se retomavam a
ocupação da estrada ou não.
Depois de meses de declarações ríspidas que acabaram se
transformando numa crise para o Mercosul, Argentina e Uruguai dão mostras de querer retomar o diálogo sobre o tema.
Ontem, o chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano, disse
que a resolução do tribunal deveria ser interpretada sem
"triunfalismos". O titular da
pasta de Meio Ambiente convidou técnicos argentinos para
avaliar a segurança ambiental
das fábricas. As declarações
conciliatórias preparam o terreno para a primeira visita do
presidente uruguaio à Argentina desde a escalada da crise.
Vázquez irá à Cúpula do Mercosul, que acontece em Córdoba, na semana que vem.
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