São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

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Mantega pede a empresas que não repassem aumentos ao consumidor

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Guido Mantega (Fazenda) fez, ontem, um apelo para os empresários não repassarem aumento de custos para os preços ao consumidor final. Convidado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) para detalhar a sua proposta de criação do fundo soberano (poupança formada com parte do excedente de arrecadação), o ministro aproveitou a platéia de 29 representantes de diferentes segmentos da indústria para pedir ajuda no combate à inflação.
Segundo a Folha apurou, nas duas horas e meia de encontro a portas fechadas com os empresários na sede da CNI, em Brasília, Mantega repetiu por três vezes o pedido para que os industriais evitem os reajustes para o varejo.
A preocupação com a inflação foi o foco da apresentação inicial do ministro da Fazenda. Recheada de gráficos e tabelas com dados sobre a trajetória dos preços no Brasil e no mundo, ela não tinha nenhuma linha sobre o fundo soberano, maior curiosidade dos presentes. O tema só foi abordado na hora das perguntas.
Em vez do fundo, que já foi a sua bandeira, o ministro preferiu destacar no seu discurso a importância de evitar o que os economistas chamam de inércia inflacionária, o que, na prática, significa repasses em cadeia de altas de preços que alimentam sucessivos reajustes nos mais diferentes setores da economia.
"O que não podemos hoje é ter inércia inflacionária", enfatizou Mantega, segundo relato de um dos presentes ouvidos pela Folha. O ministro também disse estar ciente de que o que estava pedindo era "difícil" para os empresários e que eles não fazem "milagres", mas reforçou o discurso de que "é importante não repassar tudo para os preços".

Apelo
O apelo do ministro foi confirmado também pelos presidentes da CNI, Armando Monteiro Neto, e da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), Synésio Batista. Só que em vez de levar para o seu gabinete a promessa de contenção dos reajustes, Mantega ouviu ressalvas e saiu do evento com apelos dos empresários.
"Há setores e setores. Para alguns é impossível esse esforço para conter a pressão nos custos, como a indústria de transformação plástica, que é afetada diretamente pela alta no setor petroquímico", ponderou à Folha Monteiro Neto, da CNI.
"O ministro enfatizou muito que não repassássemos para os preços [as altas de custos]", disse Batista. "Respondemos dizendo que, então, é hora de ampliar o prazo para pagamento de tributos da indústria, que é feito até o dia 10 de cada mês. Como só recebemos dos clientes entre 90 e 120 dias depois, há um financiamento de tributos do governo que custa caro. Ele prometeu pensar", afirmou o presidente da Abrinq.


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