São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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TERCEIRO MUNDO

Secretário do Tesouro dos EUA diz que problema não é dos ricos

O'Neill critica a corrupção na AL

DA REDAÇÃO

O secretário norte-americano do Tesouro, Paul O'Neill, disse que os EUA e outros países ricos não têm como acabar com a corrupção na América Latina nem fazer com que os países da região cumpram contratos. Segundo o secretário, o máximo que os credores internacionais podem fazer é apoiar governos responsáveis.
"Pessoas de fora [os credores estrangeiros] não podem eliminar a corrupção, não podem executar os contratos, não podem simplificar o sistema tributário para que as dívidas sejam pagas", afirmou o secretário norte-americano em discurso na Sociedade das Américas, em Nova York. A imprensa não pôde acompanhar a cerimônia, mas o discurso de O'Neill está disponível no site da Secretaria do Tesouro (www.treasury.gov).
O secretário, que no mês passado esteve na América do Sul numa viagem diplomática, já causou polêmica ao dizer, no ano passado, que os juros brasileiros são altos por causa da corrupção. Mais recentemente, disse que a Argentina e o Brasil precisavam dar provas de que o dinheiro que recebem em assistência não acabem em contas na Suíça.
Desta vez, o Brasil mereceu elogios de O'Neill, numa implícita contraposição à Argentina.
"A liderança política do Brasil trouxe a estabilidade dos preços, melhorando o poder de compra da população", disse o secretário. O'Neill destacou ainda a disciplina fiscal e a consolidação do sistema financeiro. Afirmou que o país fez "avanços reais", mas ressalvou que restam grandes "desafios" e citou a "diminuição de barreiras tarifárias, a redução na participação do governo em companhias e a redução de barreiras para a criação de empregos".
Entre os aspectos positivos lembrados por O'Neill, há um no mínimo polêmico. O secretário destacou as "reformas do setor de energia", um tópico que, depois da crise energética do ano passado, provocou uma avalanche de críticas ao governo.
Em relação à Argentina, O'Neill disse que os EUA "não podem nem devem impor uma solução". Afirmou que os americanos continuarão oferecendo conselhos e assistência técnica, mas não falou em ajuda financeira.
A Sociedade das Américas -hoje presidida por Bill Rhodes, vice-presidente do Citigroup- nasceu em 1965, com o nome de Centro para Relações Interamericanas. A organização foi fundada pelo milionário David Rockefeller e por outros empresários norte-americanos, tendo com um dos principais objetivos ampliar o conhecimento sobre a América Latina nos EUA.


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