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BC libera até R$ 106 bi do compulsório
Valor equivale ao total de todas as medidas anunciadas até agora pelo governo para melhorar a liquidez dos mercados
Numa primeira etapa, os bancos terão R$ 21,7 bi à disposição; numa fase posterior, poderão ser liberados outros R$ 24,7 bi
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante das dificuldades que
bancos com atuação no Brasil
continuam tendo para captar
recursos no mercado, o Banco
Central anunciou, na manhã de
ontem, que está disposto a liberar, "de acordo com as necessidades de liquidez dos mercados", mais R$ 100 bilhões para
o setor financeiro por meio do
fim da cobrança de algumas
modalidades do chamado recolhimento compulsório -parcela dos depósitos bancários que
ficam depositados no BC.
Horas depois do anúncio, o
BC divulgou uma série de mudanças nas regras do compulsório que já injetam parte desses R$ 100 bilhões nos bancos.
A iniciativa consiste, na verdade, na ampliação das medidas
anunciadas nas últimas três semanas, mas que não haviam sido suficientes para resolver o
problema de falta de liquidez
do sistema financeiro.
Se todas as medidas anunciadas pelo BC até agora surtirem
o máximo efeito possível, serão
injetados R$ 105,7 bilhões na
economia, o que equivale a 41%
do total de compulsórios recolhidos no final de agosto.
Numa primeira etapa, R$
21,7 bilhões serão disponibilizados de imediato para os bancos. Trata-se do valor a ser liberado devido à ampliação do
"desconto" dado às instituições
financeiras que são obrigadas a
recolher o compulsório.
Para cada tipo de depósito
bancário existe um tipo de
compulsório -no caso dos depósitos na caderneta de poupança a regra é uma, para contas correntes é outra, e assim
por diante. O que foi alterado
ontem foi o desconto dado pelo
BC na hora do recolhimento de
vários tipos de compulsório.
No caso dos depósitos a prazo, como os CDBs, o BC oferecia um abatimento de R$ 700
milhões no valor do compulsório cobrado. Ou seja, um banco
que tivesse que recolher R$ 1
bilhão podia, automaticamente, reduzir esse montante para
R$ 300 milhões.
Esse abatimento de R$ 700
milhões foi fixado na semana
passada, já na tentativa de aumentar o volume de dinheiro
disponível para os bancos. Ontem, o desconto foi elevado para R$ 2 bilhões. Graças à medida, cem instituições financeiras
ficarão isentas da cobrança, e
apenas dez continuarão obrigadas a fazer o recolhimento.
Medida semelhante foi adotada num outro tipo de compulsório que incide sobre a soma de todos os depósitos captados pelos bancos, também ampliando medida que havia sido
anunciada há três semanas.
Numa fase posterior, poderão ser liberados outros R$ 24,7
bilhões, mas num prazo que depende da vontade das instituições financeiras em usar dois
benefícios oferecidos pelo BC.
Um dos incentivos é o desconto a ser dado no recolhimento compulsório dos bancos
que comprarem a carteira de
crédito de outros bancos, medida que, para surtir efeito, depende da vontade das instituições financeiras em realizar
operações desse tipo.
Além disso, também passará
a ser oferecido um benefício semelhante aos bancos que participarem dos leilões de compra
e venda de dólares.
Nesses leilões, o BC vende
uma certa quantidade de dólares e os bancos que participam
da oferta se comprometem a
revender o mesmo volume de
volta para o BC depois de um
certo período. Agora, o banco
que participar desses leilões
poderá abater do compulsório
a ser recolhido o valor, em
reais, dos dólares adquiridos.
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