São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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BC libera até R$ 106 bi do compulsório

Valor equivale ao total de todas as medidas anunciadas até agora pelo governo para melhorar a liquidez dos mercados

Numa primeira etapa, os bancos terão R$ 21,7 bi à disposição; numa fase posterior, poderão ser liberados outros R$ 24,7 bi

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante das dificuldades que bancos com atuação no Brasil continuam tendo para captar recursos no mercado, o Banco Central anunciou, na manhã de ontem, que está disposto a liberar, "de acordo com as necessidades de liquidez dos mercados", mais R$ 100 bilhões para o setor financeiro por meio do fim da cobrança de algumas modalidades do chamado recolhimento compulsório -parcela dos depósitos bancários que ficam depositados no BC.
Horas depois do anúncio, o BC divulgou uma série de mudanças nas regras do compulsório que já injetam parte desses R$ 100 bilhões nos bancos. A iniciativa consiste, na verdade, na ampliação das medidas anunciadas nas últimas três semanas, mas que não haviam sido suficientes para resolver o problema de falta de liquidez do sistema financeiro.
Se todas as medidas anunciadas pelo BC até agora surtirem o máximo efeito possível, serão injetados R$ 105,7 bilhões na economia, o que equivale a 41% do total de compulsórios recolhidos no final de agosto.
Numa primeira etapa, R$ 21,7 bilhões serão disponibilizados de imediato para os bancos. Trata-se do valor a ser liberado devido à ampliação do "desconto" dado às instituições financeiras que são obrigadas a recolher o compulsório.
Para cada tipo de depósito bancário existe um tipo de compulsório -no caso dos depósitos na caderneta de poupança a regra é uma, para contas correntes é outra, e assim por diante. O que foi alterado ontem foi o desconto dado pelo BC na hora do recolhimento de vários tipos de compulsório.
No caso dos depósitos a prazo, como os CDBs, o BC oferecia um abatimento de R$ 700 milhões no valor do compulsório cobrado. Ou seja, um banco que tivesse que recolher R$ 1 bilhão podia, automaticamente, reduzir esse montante para R$ 300 milhões.
Esse abatimento de R$ 700 milhões foi fixado na semana passada, já na tentativa de aumentar o volume de dinheiro disponível para os bancos. Ontem, o desconto foi elevado para R$ 2 bilhões. Graças à medida, cem instituições financeiras ficarão isentas da cobrança, e apenas dez continuarão obrigadas a fazer o recolhimento.
Medida semelhante foi adotada num outro tipo de compulsório que incide sobre a soma de todos os depósitos captados pelos bancos, também ampliando medida que havia sido anunciada há três semanas.
Numa fase posterior, poderão ser liberados outros R$ 24,7 bilhões, mas num prazo que depende da vontade das instituições financeiras em usar dois benefícios oferecidos pelo BC.
Um dos incentivos é o desconto a ser dado no recolhimento compulsório dos bancos que comprarem a carteira de crédito de outros bancos, medida que, para surtir efeito, depende da vontade das instituições financeiras em realizar operações desse tipo.
Além disso, também passará a ser oferecido um benefício semelhante aos bancos que participarem dos leilões de compra e venda de dólares.
Nesses leilões, o BC vende uma certa quantidade de dólares e os bancos que participam da oferta se comprometem a revender o mesmo volume de volta para o BC depois de um certo período. Agora, o banco que participar desses leilões poderá abater do compulsório a ser recolhido o valor, em reais, dos dólares adquiridos.


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