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Meirelles avalia a crise com banqueiros
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
SHEILA D"AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se
reuniu com o presidente do Febraban, Fábio Barbosa, e representantes dos principais bancos do país para discutir a crise
financeira. A reunião aconteceu na sede paulista do Banco
Central, na tarde do domingo.
Meirelles antecipou sua volta
de Washington, onde participava da reunião anual do FMI e
do Banco Mundial, para fazer
essa reunião em sigilo com os
banqueiros. Também participou do encontro Mário Torós,
diretor de Política Monetária.
O objetivo do encontro foi
tranqüilizar os bancos e discutir a baixa liquidez vista nas últimas semanas. Meirelles disse
aos banqueiros que vai tomar
todas as medidas possíveis para
minimizar os efeitos da crise financeira global no país e deixou em aberto a possibilidade
de mais uma forte redução das
alíquotas de recolhimento
compulsório. A medida foi confirmada ontem.
Na reunião, Meirelles não falou em nenhuma medida em
particular, mas o tom de suas
palavras foi de que o Banco
Central, a exemplo do que
ocorre em outras partes do
mundo, também deve ser mais
atuante para combater a crise.
Os banqueiros reclamaram
da dificuldade de negociar títulos privados e afirmaram que a
falta de referência para dar preço a esses papéis poderia prejudicar seus balanços.
Também mostraram preocupação com o fechamento das linhas externas de crédito ao
país. Na avaliação do BC, isso só
irá se resolver quando diminuir
a volatilidade atual do dólar.
Na última semana, o Banco
Central começou a tomar medidas mais fortes tanto para
combater a crise de crédito no
país como para conter a alta excessiva do dólar. O BC flexibilizou o compulsório e ainda passou a vender dólar das reservas,
mas até sexta-feira as ações não
tiveram o efeito suficiente.
Em meio à crise no exterior,
os bancos brasileiros passaram
a trabalhar com um cenário de
liquidez mais apertada, pelo
menos, para os próximos dois
meses e decidiram elevar o dinheiro no próprio caixa. Essas
necessidades são projetadas
com base no histórico da movimentação dos correntistas.
Com isso, sobrou menos recursos para emprestar a outros
bancos, empresas e clientes.
A liquidez apertada bateu
primeiro às portas dos bancos
pequenos -daí as medidas para
estimular a compra de carteiras- e chegou, na semana passada, também às filiais brasileiras de bancos estrangeiros e
instituições que lidam com
grandes empresas.
Como esses bancos trabalham mais com a estruturação
de grandes operações, como fusões e aquisições, a entrada de
dinheiro acontece com menor
freqüência, mas em grande
quantidade. O problema é que a
oscilação nos mercados obrigou esses bancos a ampliarem o
dinheiro das margens que devem depositar na BM&F, aumentando a demanda dos empréstimos entre os bancos.
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