São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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Meirelles avalia a crise com banqueiros

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
SHEILA D"AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se reuniu com o presidente do Febraban, Fábio Barbosa, e representantes dos principais bancos do país para discutir a crise financeira. A reunião aconteceu na sede paulista do Banco Central, na tarde do domingo.
Meirelles antecipou sua volta de Washington, onde participava da reunião anual do FMI e do Banco Mundial, para fazer essa reunião em sigilo com os banqueiros. Também participou do encontro Mário Torós, diretor de Política Monetária.
O objetivo do encontro foi tranqüilizar os bancos e discutir a baixa liquidez vista nas últimas semanas. Meirelles disse aos banqueiros que vai tomar todas as medidas possíveis para minimizar os efeitos da crise financeira global no país e deixou em aberto a possibilidade de mais uma forte redução das alíquotas de recolhimento compulsório. A medida foi confirmada ontem.
Na reunião, Meirelles não falou em nenhuma medida em particular, mas o tom de suas palavras foi de que o Banco Central, a exemplo do que ocorre em outras partes do mundo, também deve ser mais atuante para combater a crise.
Os banqueiros reclamaram da dificuldade de negociar títulos privados e afirmaram que a falta de referência para dar preço a esses papéis poderia prejudicar seus balanços.
Também mostraram preocupação com o fechamento das linhas externas de crédito ao país. Na avaliação do BC, isso só irá se resolver quando diminuir a volatilidade atual do dólar.
Na última semana, o Banco Central começou a tomar medidas mais fortes tanto para combater a crise de crédito no país como para conter a alta excessiva do dólar. O BC flexibilizou o compulsório e ainda passou a vender dólar das reservas, mas até sexta-feira as ações não tiveram o efeito suficiente.
Em meio à crise no exterior, os bancos brasileiros passaram a trabalhar com um cenário de liquidez mais apertada, pelo menos, para os próximos dois meses e decidiram elevar o dinheiro no próprio caixa. Essas necessidades são projetadas com base no histórico da movimentação dos correntistas.
Com isso, sobrou menos recursos para emprestar a outros bancos, empresas e clientes.
A liquidez apertada bateu primeiro às portas dos bancos pequenos -daí as medidas para estimular a compra de carteiras- e chegou, na semana passada, também às filiais brasileiras de bancos estrangeiros e instituições que lidam com grandes empresas.
Como esses bancos trabalham mais com a estruturação de grandes operações, como fusões e aquisições, a entrada de dinheiro acontece com menor freqüência, mas em grande quantidade. O problema é que a oscilação nos mercados obrigou esses bancos a ampliarem o dinheiro das margens que devem depositar na BM&F, aumentando a demanda dos empréstimos entre os bancos.


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