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EUA iniciam compra de ações de bancos
Governo vai injetar bilhões em 9 grandes instituições, como Bank of America e Citigroup, em troca de participação acionária
Alguns bancos não ficaram contentes com a medida, mas Tesouro deixou claro que todos eram obrigados a acatar a decisão do governo
DO ENVIADO A WASHINGTON
DA REDAÇÃO
O governo americano deve
anunciar hoje uma injeção bilionária em ao menos nove dos
principais bancos do país, em
troca de participação acionária
nas instituições, em uma medida similar à usada na Europa
para tentar retomar a confiança nos mercados financeiros.
Para isso, a administração
George W. Bush deve usar os
primeiros US$ 250 bilhões dos
US$ 700 bilhões aprovados pelo Congresso no começo do
mês para adquirir partes de
bancos grandes e menores.
A compra -que, na prática, é
uma nacionalização parcial do
setor- deve incluir Citigroup,
Wells Fargo, JPMorgan Chase,
Bank of America, Goldman
Sachs, Morgan Stanley, State
Street e Bank of New York Mel
lon. O Merrill Lynch, cuja venda para o Bank of America ainda não foi fechada, também deve receber uma fatia. No total,
esses bancos deverão receber
cerca de US$ 125 bilhões.
Ainda não está claro com
quanto a administração federal
ficará de cada banco, mas a fatia
do governo deverá ser representantiva. No caso do Citigroup, por exemplo, comenta-se que receberá US$ 25 bilhões,
o que, ontem, representava
29% do seu valor de mercado.
Alguns dos bancos teriam até
manifestado contrariedade em
receber o auxílio governamental, mas foram pressionados
por Washington a aceitar, em
reunião ontem no Tesouro. O
secretário do Tesouro, Henry
Paulson, deixou claro que a medida não era voluntária -todos
os bancos presentes no encontro eram obrigados a acatá-la.
Ao investir nos grandes bancos, o governo quer sinalizar
para as instituições menores
que não há problema em receber a ajuda. Medida com um
tom parecido foi feita no ano
passado, quando grandes bancos pegaram milhões de dólares do Fed, depois que o BC reduziu uma das suas taxa em
agosto de 2007. Na época, eles
disseram que pegaram o empréstimo como uma forma de
apoio ao banco central.
Com o plano, o governo quer
injetar bilhões de dólares nos
bancos, para que o sistema financeiro volte a funcionar e as
instituições retomem os empréstimos entre si e para empresas e consumidores.
Segundo Neel Kashkari, o ex-funcionário do Goldman Sachs
apontado por Paulson para gerenciar o programa, as compras
só vão alcançar instituições financeiras "saudáveis".
"Haverá uma regra comum
no programa, que deve atingir
uma grande gama de instituições financeiras", disse o chefe
do recém-criado Tarp (programa de ataque aos ativos problemáticos, na sigla em inglês). "O
programa será voluntário e desenhado com termos atrativos
para encorajar a participação
de empresas saudáveis."
Além da compra de ações diretamente dos bancos, outros
componentes do Tarp prevêem
variações que vão da compra de
ativos "tóxicos" (podres) dos
bancos até uma completa intervenção em certas instituições.
"Temos três cenários. Em
um, compramos ativos problemáticos dos bancos. Em outro,
o programa compra participações diretas. Em um terceiro,
fazemos uma intervenção para
impedir a falência de uma grande instituição que pode levar a
um risco sistêmico."
Kashkari não mencionou como funcionarão as garantias
sobre os ativos "tóxicos" que o
Tarp estiver adquirindo.
Segundo ele, toda a supervisão geral do Tarp e de seu trabalho ficará a cargo do presidente do Fed (o banco central
dos EUA), Ben Bernanke.
Ontem, congressistas que
inicialmente não apoiavam a
idéia de o Tesouro comprar diretamente participações de
bancos, mudaram de posição.
Nos últimos dias, o Tesouro
fez uma forte campanha de
convencimento afirmando que,
recapitalizados e quando voltarem a operar normalmente, esses bancos acabarão se valorizando, e o governo poderá ter
lucro na operação.
(FERNANDO CANZIAN)
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