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Lula analisa corte de imposto para construção e tecnologia
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A equipe econômica apresenta hoje ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva uma série
de medidas nas áreas fiscal, tributária e de gestão dos gastos
públicos, entre elas o corte de
impostos em investimentos
nos setores de construção civil
e de inovação tecnológica.
As medidas fazem parte de
uma encomenda feita por Lula
à sua equipe para tentar evitar,
no segundo mandato, o que
ocorreu no primeiro: taxas baixas de crescimento da economia, como a deste ano, que deve
ficar abaixo de 3% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo
previsões do mercado.
Lula tem dito a seus auxiliares que, nessa segunda fase de
seu governo, quer destravar os
nós da economia. Sabe que, se
não conseguir fazer o país crescer a taxas mais altas, passará a
imagem de fracasso.
Para atingir esse objetivo, o
governo quer cumprir uma
promessa feita no primeiro
mandato, mas não cumprida
até agora: reduzir a carga tributária, que diminui a competitividade das empresas e inibe investimentos.
Daí que no pacote em elaboração está a desoneração de impostos como PIS, Cofins e IPI
em toda a cadeia da construção
civil -desde a compra de insumos até investimentos na aquisição de máquinas e equipamentos, o que seria uma nova
rodada de corte de impostos
nesse setor, que usa muita
mão-de-obra.
A idéia é estabelecer um cronograma de médio prazo para a
retirada da cobrança desses impostos em várias etapas da
construção civil, setor considerado prioritário para dinamizar
o crescimento da economia. O
mesmo se daria na área de inovação tecnológica, já que é inviável abrir mão de toda a receita de uma vez.
O governo também estuda
mudar a fórmula da contribuição dos empregadores ao INSS,
como revelou a Folha na semana passada. A idéia é que a parcela equivalente a cinco pontos
percentuais da contribuição
passe a ser calculada com base
no faturamento das empresas.
O restante, cerca de 15%, continuaria sendo cobrado sobre o
valor da folha de pagamentos.
Na área de gestão pública,
Lula quer acabar com a lentidão no andamento de obras
vistas como essenciais para reduzir o "custo Brasil". Mandou
levantar todos entraves -jurídicos, ambientais e de falta de
verbas- de mais de 50 projetos
para tentar eliminá-los.
A proposta é que essas obras
tenham um sistema diferenciado de gerenciamento. Um colegiado formado pelos ministros
das áreas envolvidas no projeto
se reuniria periodicamente para avaliar o andamento da obra.
Os entraves e dificuldades que
surgissem seriam, então, resolvidos rapidamente pelo primeiro escalão do governo.
Superávit
Em seu primeiro mandato, o
governo Lula sofreu com a falta
de verbas para investimentos
diante da necessidade de gerar
recursos para um superávit primário [economia para pagamento de juros da dívida pública] de 4,25% do PIB. Além disso, o presidente avalia que vários órgãos, como o Ministério
do Meio Ambiente, não foram
capazes de deslanchar processos que emperravam obras.
Na área fiscal, um dos cenários com que o governo trabalha prevê um ganho de dois
pontos percentuais do PIB em
dez anos com a contenção dos
gastos correntes, que incluem
salários, Previdência, programas sociais e despesas de funcionamento do governo.
A proposta que será apresentada a Lula não inclui cortes de
gastos, mas a definição de critérios específicos para o reajuste
dos gastos correntes de modo
que, com o crescimento do PIB,
o peso dessas despesas caia
com o tempo.
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