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Fusão de petroquímicas pode naufragar
Alberto Geyer, um dos sócios da Quattor, negocia assumir controle da empresa e ameaça suspender megafusão com Braskem e Petroquisa
Acordo da Quattor com a subsidiária da Petrobras e o grupo Odebrecht formaria uma das maiores companhias petroquímicas do mundo
Eduardo Knapp - 25.abr.08/Folha Imagem
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O presidente Lula e o empresário Emílio Odebrecht, da Braskem
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Alberto Geyer, dono de 24%
das ações ordinárias da Vila Velha -holding controladora da
Unipar e da petroquímica
Quattor-, prepara um lance
que pode mudar, nesta semana,
o rumo de uma das maiores negociações do setor industrial no
país: a fusão entre Braskem,
Quattor e Petroquisa (braço
petroquímico da Petrobras).
O empresário informou que
fará uma oferta entre amanhã e
quarta-feira para a compra das
ações ordinárias sob o controle
das quatro irmãs -uma delas,
Cecília, mãe de Frank Geyer
(sobrinho de Alberto), que é
hoje presidente do conselho de
administração da Quattor e
principal negociador do grupo
para a fusão. Caso assuma o
controle, Alberto promete suspender toda a negociação.
A transação é endossada pelo
governo Lula, por intermédio
da estatal, e faz parte dos planos do grupo Odebrecht, controlador da Braskem, de formar
uma empresa com vistas a ser
uma das cinco maiores petroquímicas do planeta.
A negociação em andamento
prevê a formação de uma megapetroquímica nacional, que
controlaria 100% da produção
e da venda de resinas plásticas
no Brasil, matéria-prima para
uma infinidade de produtos de
consumo (de copos plásticos a
peças automotivas). O negócio,
se levado a cabo, permitirá a fusão numa só empresa de todas
as quatro centrais petroquímicas do país. Informações sobre
o negócio indicam que a Braskem (maior petroquímica da
América Latina) assumiria o
papel de líder do negócio. A
companhia controlaria os polos
de Camaçari (BA), Rio de Janeiro, São Paulo e Triunfo (RS).
Alberto afirma que já dispõe
dos recursos para a compra do
controle da Unipar. "Está vindo
uma proposta que será colocada na mesa dos controladores
feita por mim", disse na última
sexta-feira à Folha.
Ele não revelou a origem do
grupo financeiro que lhe assegura o capital, tampouco o
quanto está disposto a desembolsar para assumir a companhia. "Tudo será informado
nos próximos dias", disse.
Segundo a Folha apurou, a
ofensiva de Alberto pode funcionar. Há uma divisão na família Geyer, que trava luta interna pelo controle da Vila Velha desde a morte do fundador,
Paulo Geyer.
Parte das irmãs de Alberto
acha que a atividade petroquímica ganhou outra dimensão
com o processo de consolidação iniciado em 2007, quando a
Petrobras decidiu assumir um
papel de maior relevância no
setor. A previsão é que o acordo
de fusão com a Braskem represente uma perda para a Quattor, que teria participação minoritária no negócio.
A transação não envolveria
dinheiro, mas resultaria na troca das atuais ações por outras
da nova companhia. Ainda segundo essa fonte, há interesse
de parte das acionistas da
Quattor em obter recursos financeiros, o que Alberto está
disposto a oferecer em troca do
controle do negócio. A avaliação é que, se essa oferta for
confirmada, o rumo da transação mudará, o que pode alterar
também o plano de Petrobras e
Braskem em consolidar o setor
petroquímico em uma supercompanhia nacional.
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