São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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Fusão de petroquímicas pode naufragar

Alberto Geyer, um dos sócios da Quattor, negocia assumir controle da empresa e ameaça suspender megafusão com Braskem e Petroquisa

Acordo da Quattor com a subsidiária da Petrobras e o grupo Odebrecht formaria uma das maiores companhias petroquímicas do mundo

Eduardo Knapp - 25.abr.08/Folha Imagem
O presidente Lula e o empresário Emílio Odebrecht, da Braskem

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Alberto Geyer, dono de 24% das ações ordinárias da Vila Velha -holding controladora da Unipar e da petroquímica Quattor-, prepara um lance que pode mudar, nesta semana, o rumo de uma das maiores negociações do setor industrial no país: a fusão entre Braskem, Quattor e Petroquisa (braço petroquímico da Petrobras).
O empresário informou que fará uma oferta entre amanhã e quarta-feira para a compra das ações ordinárias sob o controle das quatro irmãs -uma delas, Cecília, mãe de Frank Geyer (sobrinho de Alberto), que é hoje presidente do conselho de administração da Quattor e principal negociador do grupo para a fusão. Caso assuma o controle, Alberto promete suspender toda a negociação.
A transação é endossada pelo governo Lula, por intermédio da estatal, e faz parte dos planos do grupo Odebrecht, controlador da Braskem, de formar uma empresa com vistas a ser uma das cinco maiores petroquímicas do planeta.
A negociação em andamento prevê a formação de uma megapetroquímica nacional, que controlaria 100% da produção e da venda de resinas plásticas no Brasil, matéria-prima para uma infinidade de produtos de consumo (de copos plásticos a peças automotivas). O negócio, se levado a cabo, permitirá a fusão numa só empresa de todas as quatro centrais petroquímicas do país. Informações sobre o negócio indicam que a Braskem (maior petroquímica da América Latina) assumiria o papel de líder do negócio. A companhia controlaria os polos de Camaçari (BA), Rio de Janeiro, São Paulo e Triunfo (RS).
Alberto afirma que já dispõe dos recursos para a compra do controle da Unipar. "Está vindo uma proposta que será colocada na mesa dos controladores feita por mim", disse na última sexta-feira à Folha.
Ele não revelou a origem do grupo financeiro que lhe assegura o capital, tampouco o quanto está disposto a desembolsar para assumir a companhia. "Tudo será informado nos próximos dias", disse.
Segundo a Folha apurou, a ofensiva de Alberto pode funcionar. Há uma divisão na família Geyer, que trava luta interna pelo controle da Vila Velha desde a morte do fundador, Paulo Geyer.
Parte das irmãs de Alberto acha que a atividade petroquímica ganhou outra dimensão com o processo de consolidação iniciado em 2007, quando a Petrobras decidiu assumir um papel de maior relevância no setor. A previsão é que o acordo de fusão com a Braskem represente uma perda para a Quattor, que teria participação minoritária no negócio.
A transação não envolveria dinheiro, mas resultaria na troca das atuais ações por outras da nova companhia. Ainda segundo essa fonte, há interesse de parte das acionistas da Quattor em obter recursos financeiros, o que Alberto está disposto a oferecer em troca do controle do negócio. A avaliação é que, se essa oferta for confirmada, o rumo da transação mudará, o que pode alterar também o plano de Petrobras e Braskem em consolidar o setor petroquímico em uma supercompanhia nacional.


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