São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 2006

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Neoclássico se populariza e satura mercado

DA REPORTAGEM LOCAL

Marcado por elementos emprestados da arquitetura greco-romana, como colunas e pórticos, o estilo neoclássico -ou o que sobrou dele após adaptações- é comum na paisagem de São Paulo. Isso ocorre pois, segundo arquitetos, fachadas neoclássicas oferecem vantagens econômicas às incorporadoras.
Além de linhas que dão nobreza aos prédios -para conquistar o cliente que quer status-, a simplicidade dos revestimentos reduz os custos de construção. Lucio Gomes Machado, arquiteto e professor da FAU-USP, diz que é mais barato. "Por que é mais barato? Porque é só argamassa e pintura", afirma, mas lembra que o comprador vai gastar com manutenção.
Ninguém arrisca números que traduzam a economia obtida com fachadas neoclássicas, até porque, nos edifícios de alto padrão, os materiais são nobres. Mas, nos prédios de classe média, a redução no custo existe. "Todas [as incorporadoras] estão convencidas de que, na classe média, elas têm bons custos usando essa linguagem", diz o arquiteto Itamar Berezin.
Para Carlos Terepins, presidente da incorporadora Even, o neoclássico é um recurso de marketing para fazer fachadas mais baratas.
Arquitetos e incorporadoras ouvidos pela Folha dizem que a febre neoclássica dos últimos anos está passando, para dar lugar ao neoclássico "light" -mais simples- e ao "estilo contemporâneo", que usa concreto aparente, inox e vidro. A popularização do estilo é uma das causas. "A gente percebe que existe um cansaço, porque você vai nas periferias e vê prédios neoclássicos", diz o arquiteto Roberto Candusso. Segundo Eduardo Machado, vice-presidente da imobiliária Coelho da Fonseca, a popularização já provoca uma rejeição do Neoclássico no altíssimo padrão.

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