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Cresce concentração no mercado de fundos
Dez maiores administradores controlam 79% do patrimônio total; em 94, no início do Real, controlavam cerca de 57%
Concentração gera ganho de escala para instituições financeiras, que pode ser repassado ao cliente, mas diminui a concorrência
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A expansão recorde da indústria de fundos de investimento
foi acompanhada por um processo de maior concentração
do mercado. Enquanto o patrimônio dos fundos cresceu mais
de 250% na última década, o
número de administradoras de
recursos de terceiros praticamente caiu à metade. Ou seja,
muito mais dinheiro está sendo
administrado por menos gente.
A concorrência menor é ruim
para o investidor, que tem menos opções. Mas analistas lembram que a concentração do
montante administrado gera
ganhos de escala para as instituições -o que pode ou não ser
repassado a clientes por meio
da queda nos custos das taxas
de administração, por exemplo.
Os dez maiores administradores de fundos controlam
atualmente cerca de 79% do
patrimônio total da indústria.
Em 94, no início do Real, esse
percentual girava em torno de
57%. Em 2000, já era 69%.
"Há uma tendência maior de
aglutinação do mercado de fundos. A administração de recursos exige escala, e muitas instituições pequenas acabam saindo do mercado", diz o administrador de investimentos Fábio
Colombo.
No fim de 2006, os fundos de
investimento registravam patrimônio líquido de R$ 909,35
bilhões, segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos
Bancos de Investimento). Em
2005, giravam aproximadamente R$ 735 bilhões.
Segundo o site Fortuna, especializado no acompanhamento do mercado fundos, hoje há 99 instituições administradoras de fundos. Há dez
anos, eram cerca de 180.
Arnaldo José Vollet, diretor-executivo da BB DTVM (Banco
do Brasil Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), explica que "houve muitas aquisições e fusões de assets e mesmo
de bancos na última década".
"Mas entendo que hoje já não
há mais muito o que concentrar
no mercado", ressalta. Vollet
afirma que a indústria de fundos atual é muito competitiva e
que as taxas de administração
têm recuado nos últimos anos.
A BB DTVM é a maior administradora de recursos de terceiros do país. Segundo o ranking elaborado pela Anbid, a BB
DTVM administrava um patrimônio de R$ 181,96 bilhões em
novembro passado. O Itaú, segundo no ranking, contava com
R$ 145,16 bilhões em recursos
de terceiros para administrar.
Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do site Fortuna, diz que
há uma tendência de concentração no mercado de administração de recursos. "As estruturas para uma instituição financeira administrar R$ 100 mil ou
R$ 10 milhões é a mesma. Isso
acaba dificultando a vida de assets menores. Assim, o que vimos da década de 90 para cá foi
muita instituição menor saindo
do mercado", afirma D'Agosto.
Taxas
Para o investidor, essa movimentação só interessa se encontrar vantagens em seu próprio bolso. A cobrança de taxas
de administração -um dos
grandes vilões do mercado, ao
lado do Imposto de Renda-
acaba variando consideravelmente. Analistas recomendam
que se faça uma ampla pesquisa
antes de qualquer aplicação.
Mas o mais comum, especialmente entre pequenos investidores, é procurar o banco onde
já é cliente no momento de buscar um produto financeiro para
aplicar.
Para Colombo, "se a pessoa
tem até R$ 50 mil para investir,
é melhor optar por apenas uma
instituição", normalmente a
que está costumada a trabalhar,
"e tentar negociar taxas mais
vantajosas".
Hoje os investidores também
têm a vantagem da conta-investimento, que permite que
recursos sejam movimentados
entre aplicações financeiras
sem o custo da CPMF.
Mas, com a tabela regressiva
de cobrança de IR -quem
mantêm seus recursos investidos sem movimentar por mais
tempo paga menos imposto-,
o investidor brasileiro acaba
sendo estimulado a manter
suas economias paradas.
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