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Órgãos de concorrência devem dar aval a eventual aquisição da BrT pela Oi
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A provável compra da Brasil
Telecom pela Oi (ex-Telemar)
terá efeitos praticamente nulos
no mercado do ponto de vista
da concorrência, segundo análise de setores do governo. A
Folha apurou que uma avaliação preliminar de técnicos dos
órgãos antitruste indica que
nas áreas de atuação das duas
concessionárias há uma sobreposição inferior a 5%.
Na prática, isso significa que
é pouco relevante o grau de
concentração da Oi e da BrT na
concorrência efetiva nos mercados geográficos em que operam. A questão considerada
mais "sensível" ao governo seria a possibilidade de danos à
chamada concorrência potencial. Ou seja, eventuais barreiras à entrada de novos competidores no mercado.
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica),
no entanto, nunca impôs restrições de peso a operações tomando como base só seus efeitos negativos na concorrência
potencial.
Além disso, há um entendimento de que a fusão TIM/Telefônica, devido à compra da
primeira pela segunda na Europa em 2007, tem mais implicações à concorrência do que a
operação BrT/Oi. No caso da
operadora italiana e da espanhola, ambas concorrem diretamente na telefonia móvel. Na
fixa, praticamente não há competição entre as empresas.
Diferentemente de outras
áreas, nos casos envolvendo o
setor de telecomunicações, a
Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico, ligada à
Fazenda) e a SDE (Secretaria
de Direito Econômico, ligada à
pasta da Justiça) não emitem
pareceres sobre os casos.
A atribuição de elaborar pareceres é da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações), que encaminhará o documento ao Cade. O conselho julgará o caso, dando o aval (com
ou sem restrições) ou não ao
negócio. Em algumas situações,
no entanto, o Cade pode requisitar às duas secretarias que
emitam pareceres complementares para ajudar na instrução
do processo.
Por enquanto, os técnicos da
área antitruste baseiam-se em
dados divulgados pelas empresas ou pela imprensa e afirmam
que análises mais precisas dependem do desenho fechado da
operação. Os técnicos afirmam
ainda que o modelo de concessão do setor de telecomunicações foi desenhado para estimular preços competitivos e
cumprimento de metas de universalização por meio da concorrência potencial.
Como as metas já teriam sido
atingidas em sua grande maioria, o impacto da operação na
concorrência potencial e seus
efeitos no consumidor seriam
atenuados, avaliam os técnicos.
O ouvidor da Anatel, Aristóteles dos Santos, divulgou ontem relatório no qual defende a
criação de uma empresa de telefonia fixa nacional e afirma
que a agência passa por uma
crise. Segundo ele, a criação da
uma grande operadora nacional vem "em boa hora" e que ela
competirá em condições de
igualdade com os demais agentes de mercado.
Santos afirmou ainda que
"reações, certamente, virão, de
empresas que não querem a
competição, de âncoras avessos
ao capital nacional". Ele não
participa dos processos decisórios da agência. A Anatel não
comentou o relatório.
Colaboraram HUMBERTO MEDINA, da
Sucursal de Brasília, e LORENNA RODRIGUES,
da Folha Online em Brasília
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