São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

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Governo afirma que não há risco de reajustes

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o secretário de Fazenda, Mauro Ricardo Costa, não há risco de aumento de preço final de produtos. "Qual a justificativa?", pergunta. "A não ser que seja oportunismo."

 

FOLHA - A substituição tributária é alvo de muita contestação. O sr. poderia explicá-la?
MAURO RICARDO COSTA -
Por que você faz a substituição? Para combater a sonegação no varejo. É mais fácil cobrar a indústria do que cobrar uma infinidade de empresas varejistas. Já vem sendo praticada no Brasil há anos. Em São Paulo, temos refrigerantes, automóveis... Então, aprovamos um projeto de lei ampliando os produtos sujeitos à substituição. Basicamente, de mais 13 setores.

FOLHA - Não há risco de aumento?
COSTA -
Desde a aprovação, em julho, discutimos com os setores as margens de valor agregado para que não haja acréscimo no preço. Não é esse o objetivo. O objetivo da substituição tributária é cobrar na indústria o imposto devido nas operações subseqüentes para combater a sonegação, e não ampliar arrecadação via aumento de ICMS.

FOLHA - Como é fixada a margem?
COSTA -
Solicitamos aos setores que encaminhassem pesquisa de preços feita por instituto idôneo que reflita bem o preço de varejo. Alguns fizeram. Outros não. Enquanto não encaminharem, estabeleceremos essa margem baseados nas informações do setor.

FOLHA - No caso dos medicamentos genéricos, houve um recuo?
COSTA -
Se optássemos pelo preço máximo, não pegaríamos o desconto. O pessoal do genérico queria margem. O do medicamento de marca, preço máximo. Optamos pela margem.

FOLHA - E para os demais?
COSTA -
No caso de bebidas, apresentaram os preços finais. No caso de perfumarias, cosméticos e material de higiene pessoal, não apresentaram ainda a pesquisa de preço. Acham que a margem está muito alta...

FOLHA - Alguns setores, como bebidas, falam em aumento de 30%.
COSTA -
Por quê? Qual a justificativa? Nenhuma, a não ser que queiram aumentar o preço de venda do produto. O fabricante e o importador vendem mais caro, mas o varejo, não. O imposto que ele pagava aqui já está sendo pago antes. Não tem por que aumentar o preço, a não ser que seja oportunismo.

FOLHA - A menos que, para alguns setores, aquelas margens altas tenham sido estipuladas...
COSTA -
Nem diga margem alta. A não ser que seja estabelecida margem superior à efetiva.

FOLHA - Eles afirmam que havia sido manipulada pela secretaria.
COSTA -
A substituição tem uma resistência grande da indústria e no varejo, porque a indústria vai ter que vender por um preço maior, embutindo as operações subseqüentes.

FOLHA - E com isso há aumento?
COSTA -
Não. Ela vai vender por preço maior do que hoje. No varejo, ele vai comprar por um preço maior, mas não vai pagar ICMS que está pagando a mais. É o mesmo valor que ele pagava de ICMS. Não tem por que o varejo aumentar o preço de venda. A não ser por oportunismo.


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