São Paulo, sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

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Mudança sinaliza Copom mais conservador

Diretora de Assuntos Internacionais é substituída no Banco Central por nome ligado a Mário Mesquita, da ala mais ortodoxa

Maria Berardinelli, que deixa o cargo para voltar ao Pnud, era da "ala neutra'; Carlos Hamilton Araújo, que a substitui, está no BC desde 92


SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois da atabalhoada saída do diretor de Política Monetária, Mario Torós, há dois meses, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou ontem nova troca na cúpula da instituição.
Desta vez, quem deixará o cargo é a diretora de Assuntos Internacionais, Maria Celina Berardinelli, abrindo uma vaga no comitê responsável pela fixação da taxa de juros no país (Copom). O posto será ocupado por Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, atual chefe do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas.
Apesar de a saída de Berardinelli não causar nenhum ruído no mercado financeiro, seu sucessor sinaliza uma tendência mais conservadora no Copom neste ano, marcado pela eleição presidencial e por grande expectativa de alta dos juros, hoje em 8,75% ao ano, a partir do segundo semestre.
Ela integrava o que se chama de "grupo neutro", formado por diretores que não estão ligados diretamente às áreas de política e pesquisa econômica e costumam seguir a maioria nas votações sobre juros. Esse grupo tinha quatro diretores (Administração, Fiscalização, Liquidações e Assuntos Internacionais) dos sete que integram o Copom -fora o presidente do BC.
Com a entrada de Araújo, ganha força a ala mais ortodoxa ligada ao diretor de Política Econômica, Mário Mesquita, a quem ele é atualmente subordinado. O novo diretor está no BC desde 1992 e assumiu a chefia do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas em 2006. Antes, trabalhou no Tesouro.

Sabatina
Berardinelli deixará o cargo na próxima semana. Assim, não participará da primeira reunião do Copom do ano, marcada para os dias 26 e 27 deste mês. Mas seu sucessor precisará aguardar a retomada dos trabalhos no Congresso, prevista para o início de fevereiro.
Isso porque ele precisa ser sabatinado e ter o nome aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Até lá, o diretor de Política Monetária, Aldo Luiz Mendes, acumulará as duas diretorias. Ele assumiu a diretoria de Política Monetária com a saída de Torós, que causou mal-estar ao contar detalhes dos bastidores da atuação do BC no final de 2008, durante o auge da crise financeira internacional.
No comando da área externa do BC desde janeiro de 2008, Berardinelli retomará suas atividades no Pnud (Programa da ONU para o Desenvolvimento), onde trabalhou de 1999 a 2007 gerenciando projetos e coordenando várias áreas.
Como é funcionária do Pnud, ela havia pedido licença para assumir a diretoria do Banco Central. O prazo vence neste mês e ela não conseguiu renová-lo. A saída foi informada ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Meirelles durante reunião em Brasília. Lula pediu que Araújo apresente uma proposta de reformulação da diretoria, que será discutida com a cúpula do BC.
Responsável pelo relacionamento externo do Banco Central em eventos e acordos internacionais como o G20, a diretoria de Assuntos Internacionais também tem papel importante na modernização das normais cambiais.

Colaborou EDUARDO CUCOLO, da Sucursal de Brasília


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