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Mudança sinaliza Copom mais conservador
Diretora de Assuntos Internacionais é substituída no Banco Central por nome ligado a Mário Mesquita, da ala mais ortodoxa
Maria Berardinelli, que deixa o cargo para voltar ao Pnud, era da "ala neutra'; Carlos Hamilton Araújo, que a substitui, está no BC desde 92
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois da atabalhoada saída
do diretor de Política Monetária, Mario Torós, há dois meses,
o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, anunciou
ontem nova troca na cúpula da
instituição.
Desta vez, quem deixará o
cargo é a diretora de Assuntos
Internacionais, Maria Celina
Berardinelli, abrindo uma vaga
no comitê responsável pela fixação da taxa de juros no país
(Copom). O posto será ocupado
por Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, atual chefe do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas.
Apesar de a saída de Berardinelli não causar nenhum ruído
no mercado financeiro, seu sucessor sinaliza uma tendência
mais conservadora no Copom
neste ano, marcado pela eleição
presidencial e por grande expectativa de alta dos juros, hoje
em 8,75% ao ano, a partir do segundo semestre.
Ela integrava o que se chama
de "grupo neutro", formado por
diretores que não estão ligados
diretamente às áreas de política e pesquisa econômica e costumam seguir a maioria nas votações sobre juros.
Esse grupo tinha quatro diretores (Administração, Fiscalização, Liquidações e Assuntos
Internacionais) dos sete que
integram o Copom -fora o presidente do BC.
Com a entrada
de Araújo, ganha força a ala
mais ortodoxa ligada ao diretor
de Política Econômica, Mário
Mesquita, a quem ele é atualmente subordinado. O novo diretor está no BC desde 1992 e
assumiu a chefia do Departamento de Estudos e Pesquisas
Econômicas em 2006. Antes,
trabalhou no Tesouro.
Sabatina
Berardinelli deixará o cargo
na próxima semana. Assim, não
participará da primeira reunião do Copom do ano, marcada para os dias 26 e 27 deste
mês. Mas seu sucessor precisará aguardar a retomada dos trabalhos no Congresso, prevista
para o início de fevereiro.
Isso porque ele precisa ser
sabatinado e ter o nome aprovado na Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado. Até lá,
o diretor de Política Monetária,
Aldo Luiz Mendes, acumulará
as duas diretorias. Ele assumiu
a diretoria de Política Monetária com a saída de Torós, que
causou mal-estar ao contar detalhes dos bastidores da atuação do BC no final de 2008, durante o auge da crise financeira
internacional.
No comando da área externa
do BC desde janeiro de 2008,
Berardinelli retomará suas atividades no Pnud (Programa da
ONU para o Desenvolvimento),
onde trabalhou de 1999 a 2007
gerenciando projetos e coordenando várias áreas.
Como é funcionária do Pnud,
ela havia pedido licença para
assumir a diretoria do Banco
Central. O prazo vence neste
mês e ela não conseguiu renová-lo. A saída foi informada ontem ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva por Meirelles durante reunião em Brasília. Lula
pediu que Araújo apresente
uma proposta de reformulação
da diretoria, que será discutida
com a cúpula do BC.
Responsável pelo relacionamento externo do Banco Central em eventos e acordos internacionais como o G20, a diretoria de Assuntos Internacionais
também tem papel importante
na modernização das normais
cambiais.
Colaborou EDUARDO CUCOLO, da Sucursal de Brasília
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